A escola possui uma importância singular para a sociedade, não só pelo seu papel de ensinar e educar as gerações futuras, formando cidadãos, mas também por servir de centro de pesquisa para os mais diversos estudos, pois ela é palco de dinâmicas trocas de capital intelectual (disciplinas diferentes interagindo em projetos, formação de professores e dia a dia com as crianças e adolescentes). Portanto, é nesse espaço único de intercâmbio, onde todos são educadores – professores e técnico-administrativos – que o que é ensinado também deve ser praticado, e a prevenção de acidentes segue o princípio, pois são as nossas crianças que serão os trabalhadores de amanhã.
Mas como aplicar esse princípio no ambiente escolar? Seriam três vertentes básicas e de igual importância da prevenção de acidentes em instituições de ensino. A primeira envolveria o trabalho de conscientização com os alunos; a segunda, políticas de prevenção de acidentes de trabalho com os profissionais das instituições de ensino, e por último, com a mesma importância, o próprio ambiente físico de ensino e trabalho. Neste primeiro momento, abordarei somente a primeira.
Segundo o livro da editora Publifolha “Crianças e Adolescentes Seguros – Guia Completo para a Prevenção de Acidentes e Violências” (São Paulo, 2005), coordenado pelos médicos pediatras Dra. Renata Waksman; Dra. Regina Gikas e Dr. Wilson Maciel, “a cada ano, os traumas físicos vitimam cerca de duzentas mil crianças e adolescentes brasileiros com incapacitações físicas para o resto da vida”. Muitos acidentes ocorrem em casa, espaço que consideramos o local mais seguro do mundo. Porém, também há os que ocorrem no ambiente escolar.
Nós, pais, devemos mostrar a nossos filhos os perigos e os riscos existentes em casa, como forma de educação. Isto também deve ser aplicado na escola, onde os educadores (e neste caso devemos considerar todas as pessoas que trabalham em uma instituição de ensino – independente do grau de escolaridade) devem fazer o mesmo com os alunos, através de explanações, aulas ou até mesmo com exemplos práticos. Imagine um exemplo negativo: um aluno andando pelo corredor e passa em frente a uma sala de aula, onde um professor (ou outra categoria de profissional) esteja pendurando enfeites. Este, em cima de uma cadeira ou mesa. Provavelmente, o aluno não se surpreenderá, achará aquilo normal – uma solução, e poderá fazê-lo também amanhã ou depois, ou até mesmo quando for adulto, trabalhando em uma empresa. As crianças e adolescentes observam tudo o que acontece, o que está ao seu redor: se os funcionários estão usando Equipamentos de Proteção Individual – EPIs, agindo com segurança, fumando etc. Portanto, ao “exercer e fazer exercer segurança” ou simplesmente não fazer, professores e funcionários darão exemplos de atitudes a serem tomadas.
Algumas maneiras para que possamos introduzir o tema nas escolas é a realização de palestras (principalmente envolvendo Bombeiros, Médicos, Policiais e profissionais de Segurança do Trabalho); atividades como a elaboração pelos próprios alunos, de cartazes sobre riscos domésticos e os riscos de acidentes de trabalho de seus pais (no dia a dia nas empresas); a formação de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA mirim; a participação de simulados de abandono de área – plano de evacuação; elaboração de cartilhas; aplicação de “multinhas” aos pais que não agem com segurança e muitas outras atividades.
É interessante salientar a Lei Federal nº 12.645 de 16 de maio de 2012, que instituiu a data de 10 de outubro como o Dia Nacional da Segurança e Saúde nas Escolas. Seria uma data interessante para a realização de algumas destas atividades!
Estas ações de prevenção na escola poderão em breve ter um grande reforço, pois o Brasil ratificou a convenção 155 da Organização Internacional do Trabalho, que dispõe sobre a Segurança e Saúde dos Trabalhadores e o Meio Ambiente de Trabalho, que em seu artigo 14 cita que “medidas deverão ser adotadas no sentido de promover, de maneira conforme à prática e às condições nacionais, a inclusão das questões de segurança, higiene e meio ambiente de trabalho em todos os níveis de ensino e de treinamento, incluídos aqueles do ensino superior técnico, médico e profissional, com o objetivo de satisfazer as necessidades de treinamento de todos os trabalhadores”. (http://www.oitbrasil.org.br/node/504). Agora é ver para crer.
Tenho esperança de que a escola, com seu dinamismo, ousadia e alegria, poderá influenciar diretamente o comportamento dentro dos lares (no aspecto de prevenção de acidentes), conscientizando o tema nas famílias e, principalmente, dos nossos futuros trabalhadores.
Sobre as outras duas vertentes, em breve continuarei.
*Artigo escrito por Luiz Mauricio Wendel Prado, mestre em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente, professor de Segurança do Trabalho e técnico da área, autor de trabalhos apresentados sobre o tema no Brasil e no exterior, e associado ao Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR). O SINEPE é colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.
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