Gerenciar projetos é uma competência essencial para quem promove a sustentabilidade. Nesse campo, somente ideias não resolvem problemas: é preciso projetos bem administrados.
Na prática, muitos projetos fracassam porque não estabelecem seus objetivos como “negócios”. O negócio de um projeto é o real motivo pelo qual o projeto existe – por exemplo, a educação musical para um grupo de cegos, a preservação de um ecossistema, ou mesmo a sobrevivência financeira de uma empresa. Ele também é uma referência para todas as fases de um projeto.
Em projetos de sustentabilidade, a abordagem para negócio é especialmente importante para justificar a captação de financiamentos, engajar simpatizantes e ganhar reconhecimento público. Por isso, a análise de negócios é uma disciplina essencial para promover o sucesso desses projetos.
Mas o que é a análise do negócio de um projeto? Ela consiste em identificar os principais stakeholders (interessados), determinar seus requisitos, verificar quais recursos são acessíveis ou disponíveis para realizar o projeto, esboçar soluções para o problema do projeto; e depois testar, avaliar, validar, parametrizar, documentar e controlar a solução mais promissora. Com base nessa análise, desenvolve-se então o produto do projeto – agora, com mais clareza e confiança para alcançar o sucesso.
A receita parece simples. Contudo sua realização exige capacitação de pessoas, alinhamento estratégico dos projetos com seus contratantes e executores, bem como pesquisas dos diversos stakeholders. Tudo isso custa tempo e recursos, mas proporciona resultados muito superiores.
Com a abordagem para negócios, um projeto deve conceber soluções, que serão então convertidas em produtos. No projeto da restauração de uma floresta degradada, a solução representa a recuperação da paisagem, da qualidade de vida e do meio ambiente; já o produto do projeto consiste no replantio de árvores selecionadas. Pular diretamente da ideia para o produto causa distorções na solução, insatisfação dos stakeholders e maior risco de insucesso do projeto.
A análise do negócio é o primeiro nível do gerenciamento de projetos com foco no negócio, estruturado em três níveis:
Análise do negócio - identifica o negócio do projeto, seus stakeholders, esboça a solução e o produto do projeto, analisa a viabilidade e s riscos do negócio.
Gerenciamento técnico - gera o produto definido na etapa anterior, segundo requisitos dos stakeholders e os recursos disponíveis e acessíveis.
Gestão dos suprimentos - adquire ou contrata serviços, materiais, produtos, equipamentos, competências etc. – necessários para a construção da solução e do produto do projeto.
Segundo essa abordagem, no projeto de ajardinamento vertical de um edifício, a gestão em três níveis foi estruturada da seguinte forma: a arquiteta estudou os benefícios para os moradores e a sociedade; a engenheira administrou a construção e entregou o jardim vertical; e o comprador adquiriu materiais e serviços, contratou equipamentos e instalações, e promoveu competências para a realização da obra.
Foi necessário um bom trabalho de coordenação das gestões nesse projeto, em especial uma boa gestão da comunicação. Mas os resultados alcançados foram melhores do que em projetos similares: os critérios de sucesso foram mais claros, o papel dos recursos foi valorizado, a análise de riscos abrangeu desde o negócio até os fornecedores, e os múltiplos stakeholders ficaram muito satisfeitos.
Somente com foco no negócio do projeto é possível avaliar adequadamente o impacto real da aquisição de um recurso diferente daquele especificado. Cada ação, cada aquisição na cadeia de suprimentos de um projeto gera um impacto objetivo e mensurável, na solução gerada pelo projeto. Esse é um dos principais benefícios dessa abordagem.
No futuro, os trabalhos serão cada vez mais organizados por projetos, segundo Santos & Krupp, em publicação do Fraunhofer Institut de 2019. O emprego “fixo e vitalício”, como existia até há pouco tempo, tende a desaparecer. Nesse novo cenário, a capacitação para gerenciar projetos será uma competência básica, na formação das pessoas – é o que também mostra outras pesquisas sobre o futuro do trabalho. Em especial, projetos para a sustentabilidade exigirão mais objetividade dessa capacitação. A análise de negócios desponta então como uma excelente parceira para o moderno gerenciamento de projetos.
*Artigo escrito por Amaro dos Santos, professor titular e pesquisador na UFPR, Escola de Negócios. Autor do livro: “Análise de negócios para o moderno gerenciamento de projetos”, Ed. Collaborativa (2020) e colaborador do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial. O CPCE é colaborador voluntário do Blog Giro Sustentável da Gazeta do Povo.
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