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Análise de Riscos nas Associações
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O Terceiro Setor possui duas características que são consideradas contraditórias. Em primeiro lugar, é formado por pessoas “de bem” motivadas pelo desejo de cuidar do planeta e seus hóspedes com uma grande variedade de projetos. Porém, ao mesmo tempo boa parte do setor ainda é percebido como um local de pouco profissionalismo e sujeito a irregularidades.

Como diferenciar as organizações? Mais do que discursos e relatórios, atitudes falam mais alto. Para cumprir sua missão tendo bons parceiros as organizações precisam de medidas concretas de integridade.

Profissionalismo exige mais que boa vontade

Alguns casos reais. Em Santa Catarina, certa organização possuía uma parceria com um agente financiador Norte Americano que estava ajustando suas operações nacionais e internacionais. Problemas sérios foram encontrados no projeto brasileiro, como: conta corrente em nome de pessoa física, sem rotinas de prestação de contas, o Conselho Fiscal era por forma, Plano de Trabalho confuso e o cadastro estava há anos desatualizado.

No Paraná, um parceiro enviou seu termo de renovação contratual para a associação, contendo cláusulas específicas de Compliance. Este texto exigia que princípios éticos e de transparência fossem assumidos. A diretoria da instituição não levou a sério as novas cláusulas, achando que era apenas uma formalidade.

Numa terceira associação, um projeto aprovado para envio de recursos para construção não cumpriu os termos da parceria. Terminada a obra, a associação não conseguiu demonstrar ao representante do parceiro que o espaço seria realmente utilizado para a demanda apontada na justificativa. Descobriu-se que omitiram informações importantes para obtenção dos recursos.

O que aconteceu? No primeiro caso, após comprovação das irregularidades a parceria foi encerrada devido a riscos operacionais críticos. No segundo caso, não houve a compreensão da diretoria para o monitoramento das demandas éticas e a parceria foi contratualmente encerrada alguns meses depois. No terceiro caso, a organização teve que devolver os recursos aplicados, com correção monetária.

Condições para uma boa análise de riscos

A qualidade da gestão começa com uma análise de riscos bem feita considerando todos os níveis da instituição, começando com sua direção. Um programa de conformidade institucional é um importante passo para Associações demonstrarem que estão comprometidas em combater a fraude, a corrupção e outros desvios.

Todo parceiro espera estar associado com quem faz a opção pela integridade. O impacto de fazer certo as coisas certas rende benefícios para todos. Por outro lado, todos querem distância de organizações que não escolhem o caminho das boas práticas.

Existem três princípios fundamentais para uma boa análise riscos. O primeiro é o “tom que vem do topo”. Ou seja, se a diretoria de uma instituição não estiver comprometida com as exigências éticas, todo ambiente ficará contaminado e eventuais mudanças não sairão do papel. O exemplo vem de cima.

A organização precisa igualmente definir quais são seus valores e treinar seus funcionários para assumirem seus princípios de governança. Todos os processos e controles estabelecidos devem ser obedecidos e eventuais desvios serão identificados e aplicadas as medidas cabíveis. A responsabilidade civil e criminal pode atingir todos, até os dirigentes da associação.

Em terceiro lugar, a análise de riscos também levantará o perfil de terceiros. Isto significa que a rede de colaboradores e prestadores de serviços deverá ter o mesmo compromisso ético para poder fazer negócios e parcerias com a instituição.

Uma análise de riscos não elimina possíveis problemas ou desvios de conduta, mas mitiga a sua ocorrência. Demonstra que existe a intenção e o cumprimento de um programa de integridade institucional, contribuindo tanto para a aproximação de bons parceiros quanto para manter à distância quem deseja apenas obter vantagens pessoais.

A ética é uma das melhores formas para redução de riscos.

*Artigo escrito por Gustavo Adolpho Leal Brandão, Especialista pela UFRJ em Gestão do Terceiro Setor, Certificado pelo PMD PRO – Project Management for Development, Empresário em Educação e Desenvolvimento na Mentoris Educação e Desenvolvimento, Coach e Consultor em Compliance. é parceiro do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.

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