Por Rulian Maftum
Para salvarmos o planeta, o mundo que criamos precisa acabar. Tenho repetido esta frase já há algum tempo. Em geral ela provoca desconforto quando ouvida ou lida a primeira vez. Talvez você esteja sentindo isso neste exato momento. Então, deixa eu te contar um pouco como cheguei nisso, nesta ideia que, em um primeiro momento, pode parecer coisa de profeta do apocalipse.
É praticamente unânime na comunidade científica que o planeta está em perigo. Vivemos um processo de degradação da natureza e de mudanças drásticas no clima. Isso nem "Trump e seus Bolsonaros" questionam. Essa turma defende que as alterações são processos naturais e que a ação do homem não tem nada a ver com isso. Portanto, argumentam eles, podemos continuar com esse modelo atual de desenvolvimento baseado na total falta de vínculo com a natureza, no consumo exagerado e sem sentido e na prevalência do individual sobre o coletivo.
Bom, se você concorda com esta tese pode parar de ler o texto aqui mesmo, pois não acho que o que vem a seguir vai te interessar.
Agora, se você é daqueles que, como eu, defende que salvar o planeta passa pela revisão completa deste modelo de desenvolvimento quero te convidar para esta reflexão. Afinal, como eu e você podemos ajudar o planeta? O que eu preciso repensar na minha vida, no meu dia-a-dia?
E que tal se como resposta eu te apontasse quatro medidas: tenha uma alimentação mais vegetariana, não use carro, evite viagens de avião e tenha menos filhos.
Encontrei estas respostas em um estudo feito na Universidade de Lund, na Suécia. Um pouco assustadoras no começo, mas basta refletir um pouco para elas fazerem sentido. A partir de uma análise de diversos estudos sobre o aquecimento global feito nas últimas décadas, os pesquisadores concluíram que estas quatro ações são as que mais contribuem para a diminuição da nossa pegada individual de carbono e, portanto, as mais efetivas para ajudar o planeta a ficar menos quente no futuro.
Você deve estar pensando, mas e o que aconteceu com aquelas medidas que ouvimos tanto como reciclar o lixo, usar lâmpadas LED, usar menos plástico? Bom, isso continua valendo. O que os cientistas da Universidade de Lund perceberam é que existem escolhas individuais que geram mais impacto na batalha contra o aquecimento global. Ter uma dieta com menos carne, por exemplo, é oito vezes mais efetivo do que trocar as lâmpadas de casa por LED. Já a troca de sacolas plásticas por sacolas reutilizáveis tem 1% do impacto em comparação a ficar um ano sem comer carne.
É claro que a decisão de usar menos plástico é bem mais fácil do que de deixar de usar o carro, ou pensar sobre a quantidade de filhos, ou a ir menos ao açougue. Mas lembro você que chegamos em um ponto bastante crítico em relação as mudanças climáticas que necessita de reflexões mais profundas de governos, empresas, grupos e de cada um de nós. Precisamos dedicar atenção especial ao que pode gerar resultados mais rápidos e duradouros. E isso representa repensar profundamente e constantemente nossa forma de consumir e de nos relacionar com o planeta.
Quer saber mais sobre o estudo? Leia o artigo completo: Seth Wynes, Kimberly A Nicholas. The climate mitigation gap: education and government recommendations miss the most effective individual actions. Environmental Research Letters, 2017; 12 (7): 074024 DOI: 10.1088/1748-9326/aa7541
*Artigo escrito por Rulian Maftum, jornalista, escritor e provocador. Especialista e palestrante em inovação, cidadania e sustentabilidade. Há 11 anos produz conteúdos sobre estes temas para emissoras de rádio e portais de internet. É diretor de Projetos do Impact Hub Curitiba e Multiplicador do Sistema B e pai da Julie, de 2 anos. Rulian Maftum é colaborador voluntário do Blog Giro Sustentável.
**Quer saber mais sobre cidadania, educação, cultura, responsabilidade social, sustentabilidade e terceiro setor? Acesse nosso site! Acompanhe o Instituto GRPCOM também no Facebook: InstitutoGrpcom, Twitter:@InstitutoGRPCOM e Instagram: instagram.com/institutogrpcom