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As cidades são o espaço mais direto de convívio dos cidadãos com outros indivíduos e com o espaço público, constituindo-se em esferas fundamentais para o fomento a preocupações com a coletividade. É na cidade onde acontecem boa parte das interações cotidianas, de modo que sua configuração tem impactos profundos sobre a qualidade de vida dos cidadãos.

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Problemas relativos a mobilidade urbana, segurança ou acesso a serviços costumam se acumular nos municípios brasileiros, gerando cenários complexos de se resolver e que podem diminuir a disposição dos indivíduos em vivenciar a cidade de forma coletiva. Neste sentido, pensar nas cidades como sistemas pode ser proveitoso para entender as conexões entre as limitações existentes, assim como compreender que sua resolução depende de vários fatores, requerendo uma abordagem sistêmica.

Um sistema consiste em qualquer grupo de partes inter-relacionadas e interdependentes que formam um todo complexo e unificado, destinado a produzir resultados específicos. O ponto central é que os diferentes pontos do sistema mantêm relações entre si – e é justamente nesta questão que o pensamento sistêmico apresenta as vantagens de sua aplicação para lidar com contextos intrincados.

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A abordagem sistêmica é, assim, uma perspectiva de compreensão da realidade a partir do impacto que os diferentes sistemas existentes produzem em nossas vidas. Eles irão produzir os resultados que são esperados a partir de suas características. Deste modo, se um sistema não funciona de forma satisfatória, é necessário avaliar e, eventualmente, alterar os ciclos que o compõem. Tal perspectiva redunda em uma visão mais estrutural das questões, de forma a atacar as causas dos problemas ou replicar soluções encontradas em outros sistemas.

Compreender as dinâmicas existentes nas cidades a partir da abordagem sistêmica permite ter uma visão geral das relações e de como elas se retroalimentam. Em cenários nos quais existem grupos cada vez mais distintos convivendo, gerando uma ampla gama de demandas para o Poder Público, o entendimento limitado a partes do sistema é insuficiente para resolver problemas significativos.

Um exemplo da aplicação da abordagem sistêmica para melhorar a vida em cidades é o caso de Fayette Ville, nos Estados Unidos. A fim de fazer com que moradores de uma região incorporada à cidade passassem a se sentir parte do novo município ao qual estavam integrados, a Prefeitura lançou mão de estratégias colaborativas de governança, de modo a permitir que os cidadãos estivessem mais próximos das questões públicas. Isso resultou em uma atuação integrada entre os diversos departamentos de serviços públicos do município para que oferecessem respostas às demandas dos cidadãos – gerando uma atuação sistêmica, compreendendo questões como saneamento, por exemplo, de maneira integrada e dependente de saúde, educação ou coleta de lixo.

O caso americano também indica outra virtude da aplicação do pensamento sistêmico para lidar com as cidades: congregar diversas perspectivas para o diagnóstico e ações em comum. Não é necessário que todos os cidadãos cheguem a um consenso a respeito das causas dos problemas que enfrentam, mas o processo de discussão e de aprendizado social permite que encontrem os pontos em comum e que aumentem seu espírito colaborativo.

A abordagem sistêmica tem a chance de ser ainda mais relevante em cidades grandes, nas quais os problemas também são diversos e complicados demais para que se resolvam com ações pontuais. A compreensão ampla das questões também permite considerar outras perspectivas como legítimas, inclusive aquelas que nem sempre estão presentes nos espaços de tomada de decisão. Assim, a abordagem sistêmica proporciona a aproximação dos cidadãos com a coisa pública, possibilitando que eles tomem parte em discussões e em decisões que impactam diretamente o seu cotidiano.

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* Artigo escrito pelo Instituto Sivis, uma organização apartidária e sem fins lucrativos que colabora voluntariamente com o Blog Giro Sustentável.

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