Ao mesmo tempo em que o termo “sustentabilidade” emerge a partir do evento histórico da ONU em 1992, no Rio de Janeiro, empresas começaram a dar maior importância aos seus índices direcionados a mensurar seus impactos ambientais. Decorrente desse movimento estimulado por empresários, maior atenção passou a ser dada aos processos internos voltados a tema do meio ambiente.
Exemplos de apurada visão estratégica permitiram a muitas corporações uma busca por melhor desempenho. Mas também pela condição de se manterem no mercado. Em alguns casos, acompanhando a adequada origem e a destinação de produtos industriais, visando mitigar ao máximo os impactos gerados.
Não é possível ignorar o que esse movimento significou na maioria dos países do mundo. Os padrões de produção não são mais os mesmos e a própria legislação adicional a regramentos de mercado permitem a elevação da qualidade da produção industrial que, em geral, mantém-se perseguindo melhorias em seus processos. O que também significa, em muitos casos, uma otimização de custos.
No entanto, é raro observar uma análise ainda mais profunda decorrente dos impactos causados na natureza. Uma condição que garanta minimamente a proteção do patrimônio natural, do qual dependem os negócios e a qualidade de vida de toda a sociedade.
Temos nos recusado a um aprofundamento desse tema, mesmo sendo bastante óbvio que, sem uma adequada proteção de remanescentes naturais, as consequências são desastrosas, podendo até impossibilitar a continuidade de atividades econômicas. Na prática, ainda agimos como se a natureza fosse infinita, além de não representar um problema do nosso negócio.
Inferimos que o desafio da conservação é uma questão a ser tratada apenas por grupos que se prestam a esse tipo de atividade. Não se trata de caso trivial, portanto, o reconhecimento tácito de que além de dependermos da natureza, nós a atingimos além do que é possível mitigar dentro dos muros dos negócios.
Surgiu no Brasil uma ferramenta de gestão ambiental determinada a mudar esse cenário, refinando a gestão ambiental de qualquer tipo de atividade econômica e, também, permitindo uma ação adicional e voluntária, voltada efetivamente à conservação da natureza. O Instituto LIFE, lançado no Brasil em 2011, conta com importantes corporações parceiras.
Como iniciativas voluntárias que passam a representar parte de seus negócios, na dimensão dos impactos não mitigáveis, a cada caso, corporações assumem iniciativas de conservação que são pontuadas de acordo com o seu grau de prioridade, direcionando atividades dentro de princípios de racionalidade e efetividade.
Como único mecanismo no mercado capaz de atuar em qualquer ramo de negócios, com uma metodologia robusta e qualificada por renomados especialistas de nosso país, há uma busca de ampliação de parcerias e a sua internacionalização, que já está em sua fase inicial.
Nascido em Curitiba, o LIFE persegue um alinhamento crescente com corporações que sinalizem com a expectativa de avançar ainda mais em seus processos de gestão ambiental. Uma demanda real e que pretende, em última instância, garantir um meio ambiente de qualidade e capaz de gerar bem-estar e o progresso, considerando a conservação de áreas naturais e da biodiversidade uma demanda indispensável.
*Este artigo foi escrito por Clóvis Borges, vice-presidente do Conselho Deliberativo do Instituto LIFE e diretor executivo da OSC Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS, parceira do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.
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