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A conservação e o uso sustentável da Biodiversidade

O senso comum sobre biodiversidade nos remete inicialmente a uma ideia geral do ponto de vista meramente utilitário e econômico de que a natureza é um reservatório de recursos que utilizamos para a produção a fim de satisfazer as necessidades humanas. Numa visão um pouco mais avançada, daqueles que dizem se preocupar com a natureza, teríamos a visão de que a biodiversidade está ameaçada e deve ser preservada, pois o ser humano está acabando com ela e mais tarde nos fará falta.

Ambas as ideias estão corretas, porém ainda muito primárias. Duas visões comuns por compreenderem apenas o espectro do interesse imediato dos indivíduos, suas necessidades básicas, como alimentação e acumulação. Essa visão é a mesma que gera a batalha de interesses econômicos entre empresas e países pelo controle e dominação das principais fontes de biodiversidade no planeta, causa de muitos conflitos que já se transformaram em guerras.

A Biodiversidade é um sistema complexo e em permanente transformação, sim, novas espécies são desenvolvidas pela própria natureza numa evolução constante, portanto não podemos considerar a biodiversidade uma coisa estática, é como um corpo vivo que nasce, cresce e morre. Cientistas afirmam que 99% das espécies que já viveram na terra hoje estão extintas.

Toda e qualquer ‘riqueza humana’ vem da exploração do meio ambiente, em maior ou menor grau, é da biodiversidade portanto que se constroem os grandes e opulentos conglomerados empresariais. À biodiversidade se referem como a maior riqueza do planeta, no entanto, é a que menos tem seu reconhecimento.

A Organização das Nações Unidas, entendendo que a biodiversidade é sem dúvida um componente vital para a sobrevivência humana na Terra e percebendo que o modo de produção e consumo das economias mundiais coloca em risco todas as formas de vida, e ainda a fim de minimizar esses permanentes conflitos, convidou as nações a discutirem a conservação e o uso sustentável da biodiversidade. Depois de anos, como resultado de várias rodadas de diálogos, a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), nos traz um instrumento jurídico com recomendações para os Estados Parte.

No entanto, tutelar juridicamente a biodiversidade ajuda, mas não resolve nossos problemas, apenas burocratiza. Precisamos de ações contundentes que promovam a real conservação e o verdadeiro uso sustentável daquilo que os meios de produção chamam de recursos naturais.

A solução para a perda excessiva do estoque de biodiversidade está na elaboração de planos adequados de uso e manejo dos ecossistemas a fim de manter e recuperar biomas e serviços ambientais naturais como a purificação da água, do ar, controle do clima, controle de desastres naturais, enchentes e secas. Além disso, implantar corredores naturais a fim de restabelecer os ciclos naturais e o Pulsar natural da Terra sem custos para a economia.

Contudo a humanidade está na contramão. É certo que precisamos nos alimentar, vestir, morar, mas a que custos? As monoculturas já se provaram ineficientes e destrutivas, a expansão das fronteiras agrícolas tem se mostrado cada vez mais agressiva e o resultado que vemos todos os dias é devastação, queimadas, dizimação de populações tradicionais, como Indígenas, Quilombolas, Faxinalenses, que são expropriados de suas terras seculares. Da mesma forma, a produção de energia e a extração mineral e florestal inundando e comprometendo áreas imensas enquanto energias alternativas já consagradas são desprezadas.

Muitas iniciativas já se fazem presentes em nossa sociedade, vivemos um momento de abundância de tecnologias em todas as áreas do conhecimento, mas o acesso a elas ainda é precário. Quando pensávamos que as tecnologias viriam para resolver os problemas e melhorar as condições de vida na Terra, nos deparamos com o consumo exagerado dos recursos sem pensar no que há de vir.

Temos que recusar aquilo que é nocivo, repensar e refletir nossos hábitos, reduzir nosso consumo e nosso descarte, reutilizar nossos bens e compartilhar o que não nos serve mais, reciclar tudo que possível transformando em algo novo, sem contar em fazer a destinação correta daquilo que sobrar.

Instituído pela ONU, no dia 22 de maio se comemora o dia internacional da biodiversidade. Esta data visa conscientizar a população mundial sobre a importância da diversidade biológica, além da necessidade da proteção da biodiversidade em todos os ecossistemas do planeta. O tema da biodiversidade também está relacionado com os ODS 14 (Vida Marinha) e ODS 15 (Vida na Terra).

Vamos aproveitar essa data ao menos para refletir sobre nossos hábitos e imaginar de que forma podemos melhorar o mundo ao nosso redor para além de uma compreensão meramente economicista e utilitarista de diversidade biológica. Temos que ser proativos a fim de realmente deixarmos o lugar melhor do que encontramos quando chegamos.

Os Direitos Humanos só serão plenamente atendidos quando houver garantia da preservação da biodiversidade.

A Terra agoniza e já perdeu a sua própria capacidade de repor naturalmente aquilo que nós humanos consumimos, entramos num processo autofágico e ainda não nos demos conta disso.”

*Artigo escrito por Mauricio Barcellos Degelmann, Consultor de Organizações Públicas e Privadas, Presidente do Instituto GT3 – Grupo de Trabalho do Terceiro Setor, Conselheiro da Casla – Casa Latino Americana, Conselheiro da FEPACT – Federação Paranaense de Comunidades Terapêuticas, membro do Fórum Permanente da Agenda 21 Paraná, membro do Fórum Paranaense de Mudanças Climáticas Globais, Membro do grupo de sustentação do PERS/PR – Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Paraná, membro do Fórum do Movimento Ambientalista do Paraná, membro da CORESAN – Comissão Regional de Segurança Alimentar e Nutricional, colaborador em vários conselhos e movimentos sociais e ambientais, entre suas atuações principais destaque para Secretário Geral dos Conselhos de Políticas Públicas do Estado do Paraná, Diretor IASP – Instituto de Ação Social do Estado do Paraná e Superintendente da Agencia Municipal de Rendas de Paranaguá, Assessor de fiscalização e controle da Câmara Municipal de Curitiba e membro do Movimento Nós Podemos Paraná – ODS, parceiro voluntário do blog Giro Sustentável.

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