Decisões de qualidade dependem de boas informações e análise prévia de riscos. Na famosa cena do filme “A Escolha de Sofia” a mãe está diante de um trágico dilema: deveria escolher entre seu filho ou sua filha. O soldado nazista diz que se ela demorar muito ele mata todos, – Escolha!, ele grita, e então ela faz sua escolha. Será que essa decisão crítica poderia ter sido evitada?
Guardadas as devidas proporções, de alguma forma essa história ainda se repete. A Pandemia causada pela COVID-19 em 2020 traz escolhas muito difíceis: na empresa, no trabalho, na saúde, na família. A capacidade de avaliar riscos, decidir e antecipar momentos críticos tem feito a diferença entre líderes.
Diante desta crise mundial a ONU apresentou um relatório analítico colocando em cheque o atingimento das metas dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) para 2030. O Brasil, com sua histórica desigualdade socioeconômica, ficará numa situação de maior vulnerabilidade se não responder adequadamente à crise. Crenças pessoais provam não serem boas conselheiras.
Os principais riscos e impactos sobre os ODS foram assim descritos pela ONU: 1
1– Erradicação da Pobreza | A perda de renda aprofunda as vulnerabilidades sociais e leva setores mais vulneráveis da sociedade a patamares abaixo da linha da pobreza. |
2– Fome Zero | A produção e o consumo de alimentos podem sofrer uma ruptura em sua cadeia produtiva. |
3– Boa Saúde e Bem-Estar | A pressão sobre os sistemas de saúde compromete a sua capacidade de atendimento geral. |
8– Emprego Digno e Crescimento Econômico | Suspensão das atividades econômicas, precarização do trabalho e perda de rendimento impactam negativamente o desenvolvimento sustentável. |
<strong>Impacto Moderado</strong> | |
4 – Educação de Qualidade | Mudanças do sistema de ensino e fechamento de escolas trará grandes impactos nos sistemas educacionais e para as pessoas envolvidas. |
5- Igualdade de Gênero | O desemprego afeta principalmente as mulheres chefes de família, aumentando o risco de sofrerem violência doméstica. |
6 – Água Limpa e Saneamento* | Água tratada e saneamento são os grandes desafios. Moradias são o fator crítico para combater a exposição ao vírus. Periferias sofrem mais devido à alta densidade populacional e condições sanitárias precárias. |
12– Consumo e Produção Sustentáveis | O risco da diminuição da demanda tende a prejudicar a conscientização sobre origem, meios e manejo de alimentos e bens. |
<strong>Impacto: ainda incerto</strong> | |
13– Combate às Mudanças Climáticas | A urgência de outras prioridades pode servir de desculpa para o enfraquecimento da agenda ambiental global. |
16– Paz, Justiça e Instituições Eficazes | Instituições sociopolíticas fracas e corrupção dificultam respostas à pandemia. Conflitos sociais e o confinamento aumentam tensões sociais. |
17– Parcerias em prol das Metas | Ações articuladas entre governos, empresas, ONGs e cidadãos está em risco se cada setor pensar apenas em si. Territórios políticos mais conservadores dificultam soluções globais. |
10– Reduzir as Desigualdades | Este é o indicador-chave de avaliação dos impactos da COVID-19 sobre os demais objetivos. |
1Impactos: projeção conforme os indicadores avaliados. https://www.sdgindex.org/ e https://unstats.un.org/sdgs
A solução para esta crise passa pelos ODS. Considerando seus “Cinco P’s,” a COVID-19 mostra-se capaz de afetar profundamente a vida das Pessoas e Planeta, assim como o desejo de Prosperidade com sustentabilidade. Coloca os esforços pela Paz em risco e demonstra que Parcerias locais ou globais ainda são frágeis e dependem do fortalecimento de uma agenda global comunitária.
No Brasil, em todos os setores a pandemia tem revelado onde estão as maiores fragilidades e oportunidades diante deste momento de difíceis decisões. O “Mundo VUCA” faz todo sentido em um contexto cada vez mais repleto de volatilidade, incertezas, complexidade e ambiguidades.
A superação exigirá o fortalecimento da visão estratégica, sistêmica e de cooperação internacional pelos ODS. Dependerá de articulação local e global, com o desenvolvimento de politicas intersetoriais eficazes e, sobretudo, diálogo: isolados e sem cooperação global jamais atingiremos as metas desejadas.
*Artigo escrito Gustavo Brandão da Mentoris e integrante do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). O CPCE é colaborador voluntário do Blog Giro Sustentável da Gazeta do Povo.
**Quer saber mais sobre cidadania, educação, cultura, responsabilidade social, sustentabilidade e terceiro setor? Acesse nosso site! Acompanhe o Instituto GRPCOM também no Facebook: InstitutoGrpcom e Instagram: instagram.com/institutogrpcom
Quem são os jovens expoentes da direita que devem se fortalecer nos próximos anos
Frases da Semana: “Kamala ganhando as eleições é mais seguro para fortalecer a democracia”
Iraque pode permitir que homens se casem com meninas de nove anos
TV estatal russa exibe fotos de Melania Trump nua em horário nobre
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS