Cronometrando o tempo de qualidade com nossos filhos

Será que alguém pode dizer, quanto tempo é o tempo de qualidade?

É fato, e não há o que contestar: nós mães nos sentimos culpadas! Quando escrevo esta frase generalista, digo isto, porque em algum momento, este sentimento constritor nos invade, seja por trabalhar fora, por ter que cuidar da casa ou por qualquer outro motivo. A questão é: não temos o tempo que gostaríamos para dedicar aos nossos filhos! Queremos compensar de alguma maneira, encontrar uma fórmula de sucesso que nos ajude a ser excelentes profissionais, pais perfeitos, que conseguem suprir as carências dos filhos e ter respostas ideais para seus questionamentos.

Bom, não sou psicóloga, e muito longe de ser especialista no assunto, mas sou mãe! Tenho aprendido na prática a exercer um pouco de tudo isso. E constantemente estou à procura de um manual de respostas. E ao ler um pouco do que dizem os estudiosos, vi que não precisamos ter todo o tempo do mundo, mas precisamos ter tempo de qualidade com nossos filhos. Descobri: tempo de qualidade, esta é a palavra chave! Mas aí outra pergunta: Quanto tempo é o tempo de qualidade? Será que alguém pode me dizer se é 1 hora por dia, 2 horas, etc.? Em resumo, fiquei perdida novamente!

Mesmo sem saber ao certo, quanto é exatamente este tempo de qualidade, tenho me esforçado ao máximo para ter estes momentos com minha filha de 6 anos, procurando oportunidades. Quando ela era um pouco menor e exigia mais cuidados, lembro que eu chegava em casa exausta do trabalho, tinha uma vontade louca de me jogar no sofá, ligar a TV e não fazer mais nada! Impossível, não poderia fazer isso, com aquele serzinho que esperava ansiosamente pela minha chegada! Então determinei pra mim mesma, uma fórmula empírica: cronometrar no relógio 1 hora e meia por dia, exclusivamente para ela. Este era o nosso tempinho, eu sentava no chão, derrubava a cesta de brinquedos e lá ficava só com ela, com toda a atenção do mundo. Assim ela foi crescendo, sob o cronômetro do meu relógio. Mas nunca deixei de me questionar: seria esta a fórmula correta, o tempo suficiente?!

Foi então que dias atrás, eu pude ter uma resposta que acalmou meu coração. Ao descer com a minha pequena até a porta de sua sala na escola, a professora nos abordou e disse para ela: Você já deu parabéns para sua mãe, pela filha maravilhosa que ela tem? Em seguida, abriu um leque de elogios. Fiquei radiante, é claro, sempre enxerguei muitas qualidades nela, porém mães costumam mesmo achar que seus filhos são perfeitos! Mas aquelas palavras, vindas de sua professora, foram como vozes me dizendo: “você está no caminho certo, cumprindo o seu papel!”. Foi assim que descobri mais uma arma na luta árdua de conciliar trabalho e atenção aos filhos: o termômetro do bom senso. Ele pode nos indicar se estamos indo na direção certa e nos dizer se precisamos ou não aumentar o tempo que estamos cronometrando para nossos filhos. Disso tudo conclui que há duas ferramentas indispensáveis para nós pais: o relógio e o termômetro! Estar atento, observar nossos filhos com cuidado, identificar “a temperatura” das situações que vivenciamos, evitando ter que viver apagando incêndios, é um bom caminho na tentativa de acertar!

*Artigo escrito por Kaísa Abeche, jornalista e colaboradora do Instituto GRPCOM em Maringá.

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