Por Ricardo Voltolini – Ideia Sustentável
Pouco tempo atrás, a diversidade era um assunto menos importante nas empresas. Arrisco dizer que era até um pouco proibido. Falava-se pouco, fazia-se menos ainda.
Normalmente, as conversas sobre esse tema descambavam para polêmicas contra as chamadas cotas, seja para profissionais negros, mulheres, ou para pessoas com alguma deficiência física.
Nunca entendi direito esse desinteresse. Sempre achei que ele disfarçava, na verdade, uma dificuldade que todos nós temos de lidar com nossos preconceitos mais profundos, principalmente os de gênero, de raça, de condição social, de idade, de deficiência física e de orientação sexual.
As coisas mudaram, felizmente. Diversidade está em alta. É tema de política, de treinamentos e de estratégias de empresas. Mas o que explicaria uma mudança tão radical em tão pouco tempo?
A resposta me parece simples: a percepção de que a diversidade faz bem para os negócios. Ou, ainda, a ideia de que valores como a diversidade - assim como também a ética, a transparência, o respeito pelo outro e pelo meio ambiente - geram valor econômico. Isso mesmo! Melhoram os resultados de uma empresa.
Estudos de diferentes fontes mostram que a diversidade faz muito bem por várias razões. Em empresas mais diversas, os colabores tendem a ser até 17% mais colaborativos e engajados. Os conflitos caem pela metade, pois os indivíduos se sentem mais a vontade para conversar, aprender e compartilhar.
Tem outros números interessantes: empresas com maior diversidade de raça, por exemplo, são 35% mais lucrativas, e as com mais mulheres nos quadros de colaboradores chegam a ter resultados 21% melhores.
Você sabia que, no Brasil, apenas 36% dos profissionais LGBT+ assumem a sua orientação sexual para os colegas de trabalho? Eles temem, na verdade, a homofobia tão presente na nossa sociedade. Para 27% dos não assumidos, esconder a identidade inibe, por exemplo, compartilhar as ideias com os colegas no dia a dia. Na ponta, a empresa só perde. Os colaboradores que não se assumem estão 73% mais propensos a deixar os seus empregos. Isso significa talento indo embora por preconceito.
Outro benefício da diversidade de colaboradores em uma empresa é o maior senso de pertencimento. Os ambientes ficam mais leves. Como resultado, o clima melhora, os relacionamentos se tornam mais saudáveis, diminui-se a rotatividade, há maior flexibilidade entre as equipes e menor resistência às mudanças.
Além de tudo, já se sabe também que as empresas mais diversas atraem ótimos talentos. E por isso são também as mais inovadoras. Quando se tem um grupo com diferentes culturas, origens sociais e visões de mundo, aumenta-se a probabilidade de soluções melhores para os desafios da empresa.
Não por acaso, as mais diversas registram duas vezes mais patentes que nas menos diversas. Diversidade é, portanto, um fator estratégico. E será cada vez mais.
Estimulada, pode se transformar em um diferencial de mercado. E justiça seja feita: se ela vem sendo cada vez mais valorizada, boa parte disso se deve também a uma pressão das novas gerações de profissionais. Para essas novas gerações, diversidade é uma questão ética, que diz respeito à inclusão, à singularidade, à equidade e à liberdade. Representa uma bandeira de direitos humanos e, também, uma defesa, muito oportuna, aliás, do direito que todos nós temos de ser respeitados em nossas diferenças.
*Artigo escrito por Ricardo Voltolini, um dos primeiros consultores em sustentabilidade empresarial do Brasil. É Diretor-presidente da Ideia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade, tendo realizado mais de 1000 palestras, workshops e cursos dentro e fora do Brasil. É também idealizador da Plataforma Liderança com Valores, iniciativa que visa inspirar e educar líderes para os valores da sustentabilidade. Ricardo Voltolini é colaborador voluntário do Blog Giro Sustentável.
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