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Educação efetiva é condição para sustentabilidade

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Com foco em ciências foram realizadas, em 2015, as avaliações de mais uma edição do PISA (Programme for International Student Assessment) da OECD (Organisation for Economic Co-operation and Development), programa que constitui uma iniciativa internacional de avaliação comparada aplicada a estudantes na faixa dos 15 anos, a qual se supõe os estudantes tenham concluído a escolaridade básica obrigatória na maioria dos países.

O PISA (em português, Programa de Avaliação Internacional de Estudantes) tem por objetivo medir o conhecimento e a habilidade dos estudantes segundo três dimensões (Leitura, Matemática e Ciências) para produzir indicadores que permitam a discussão sobre a qualidade da educação, de forma a possibilitar a instauração de políticas de melhoria constante do ensino básico, necessário para a formação adequada dos jovens cidadãos do mundo contemporâneo.

Aplicado de três em três anos, a partir de 2000, o PISA, em cada edição, prioriza uma dentre as três dimensões. Em 2000, o foco foi em Leitura; em 2003, Matemática foi priorizada; e em 2006, foi a vez de Ciências. O PISA 2009 dá início a um novo ciclo e, novamente, passa a priorizar a Leitura. Na edição de 2012, Matemática foi o foco.

Os resultados do PISA 2015 ainda não foram divulgados em sua plenitude, mas para o Brasil não haverá novidade alguma, pois como o país não desenvolveu procedimentos para alterar a sua realidade educacional continuará a disputar as últimas posições como o fez, aliás, em todas as edições anteriores.

Na edição 2012 do PISA, o Brasil obteve em Matemática 391 pontos (a média mundial foi de 494 pontos), em Leitura 410 pontos (a média mundial foi de 496 pontos) e em Ciências 405 pontos (a média mundial foi 501 pontos). As correspondentes médias colocaram o Brasil na quinquagésima oitava posição em Matemática, na quinquagésima quinta posição em Leitura e na quinquagésima nona posição em Ciências (dentre os sessenta e cinco países classificados).

Semelhantes resultados estabelecem que os estudantes brasileiros em Leitura não são capazes de deduzir informações do texto, não conseguem perceber relações entre as partes do texto e não conseguem compreender nuances da linguagem; em Ciências são capazes de aplicar o pouco que sabem apenas a limitadas situações do cotidiano e não conseguem apresentar explicações científicas mesmo que as mesmas estejam explícitas nas evidências; e, em Matemática não conseguem interpretar situações que exigem apenas deduções diretas da informação dada e não são capazes de entender percentuais, frações ou gráficos.

A educação no Brasil é preocupante e de forma alguma sustentável. Além de estar longe de ser um razoável exemplo em educação, o Brasil continua ocupando as últimas posições no PISA, tem um número pífio de estudantes considerados top-performers (alunos de ponta), tem estudantes com limitada capacidade de solucionar problemas práticos de suas vidas, continuando a fracassar tanto em Leitura quanto em Ciências, mantendo, em consequência, nestes dois últimos quesitos, as piores posições.

De outro lado, é notável, entretanto, a estranha percepção que a “maioria” tem de não possuir responsabilidade alguma sobre os resultados absurdos referenciados. O problema facilmente perde o foco, o tempo passa, o esquecimento toma conta e mais três anos serão contabilizados até que, de repente, surgem os novos resultados assustadores sem que um trabalho sério e intensificado tenha sido desenvolvido previamente para a modificação do quadro que se impôs.

Mas, os resultados do Brasil no PISA não comprometem apenas o futuro de nossos jovens, pois geram, também, consequências em muitos outros desenvolvimentos tais como, por exemplo, o não atingir, plenamente, os ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio) dado que o segundo objetivo dos ODM estabelecia alcançar a “Educação Básica de qualidade para todos”.

Mas, os ODM fazem parte da história. Agora o foco é a Agenda 2030 quando são objetivados atingir os ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável). Com os ODS o Brasil tem, então, a possibilidade de reverter sua posição nas próximas edições do PISA se entender a necessidade de uma educação efetiva para os jovens da nação.

Todavia, se não houver uma mudança drástica nas políticas educacionais no Brasil, o país, novamente, não atingirá plenamente os ODS, pois que o quarto dentre os ODS estabelece “assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”.

Desta vez, porém, o não atingir os ODS promoverá consequências ainda mais graves dado que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 concentra na educação o essencial para o sucesso de todos os demais ODS, além de ter a educação incluída em objetivos relacionados com a saúde, o crescimento e o emprego, o consumo sustentável e a produção, bem como com a mudança climática.

*Artigo escrito por Carlos Magno Corrêa Dias, professor na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e coordenador do Núcleo de Instituições de Ensino Superior (NIES) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). O Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial – CPCE é colaborador voluntário do blog Giro Sustentável. 

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