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A fragilidade da natureza é mais uma das crenças arrogantes e autocentradas da espécie humana; a natureza nos precede de muitos milhões de anos, e estará aqui quando não estivermos mais. Nossa capacidade de destruição é imensa, proporcional à estupidez: podemos, sim desmatar sem qualquer limite, arrasar montanhas, permitir espécies invasoras e exóticas em nosso meio, ultrapassar os 7 bilhões de habitantes , envenenar nossos mares, rios,  criando ilhas de plásticos, poluir o nosso solo e alimento, poluir o ar, extinguir outras espécies da fauna e flora reduzindo a biodiversidade, adotar modelos de produção e consumo que exaure os nossos recursos naturais e podemos até prolongar a nossa existência em alguns casos como demências e outras doenças .

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Se prosseguirmos nessa loucura destruiremos nosso habitat e a nós mesmos, moral e materialmente; e séculos depois disso, a natureza estará recuperada, porém não mais para nós. Como a família Buendía de “Cem anos de solidão”, não teremos uma segunda oportunidade sobre a Terra: os frágeis somos nós.

A consciência ambiental e a necessidade de buscar formas sustentáveis de desenvolvimento têm ocupado o pensamento, e algumas ações, de inúmeras instituições nas últimas décadas. Felizmente para a humanidade o alarme parece ter soado e despertado consciências e em  2015, foi adotada uma agenda mundial pela Cúpula da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que complementam e ampliam os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – ODM, compreendendo 17 objetivos, com ações mundiais previstas em erradicação da pobreza, segurança alimentar/agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, água e saneamento, energia, emprego decente, crescimento econômico inclusivo  industrialização, infraestrutura, redução das desigualdades, cidades sustentáveis, padrões sustentáveis de produção e de consumo, mudança climática,  proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres e sociedades pacíficas.

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O Brasil, em particular, tem na erradicação da pobreza uma de suas prioridades, se pretender efetivamente um desenvolvimento sustentável; mas é na dimensão institucional e na centralidade que a educação ocupa, isto é, na sua capacidade de colocar em prática os ODS que as maiores dificuldades aparecem.

O objetivo de obter educação de qualidade, essencial inclusive para a eliminação do número expressivo de pessoas incapacitadas para o trabalho, que nos impede erradicar a extrema pobreza, esbarra não apenas nos 3 milhões de crianças que estão fora das escolas, na evasão escolar, já que apenas 50% dos ingressantes terminam o ensino médio até 19 anos, na baixa qualidade da educação, medido pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB,  mas também no problema dos adultos não alfabetizados. Analfabetismo e o reduzido nível de escolaridade de jovens e adultos é problema complexo, e não apenas na dimensão técnica e estatística, envolve inclusive uma ruptura em relação à compreensão social do conhecimento, do papel do Estado e expectativas em relação ao desenvolvimento e o papel de cada cidadão.

Alfabetização e educação de qualidade resultam também de ações efetivas no que tange às populações marginalizadas pelas políticas públicas de desenvolvimento assumidas pelo país; educar adultos é tarefa para a qual Vigotski já nas primeiras décadas do século passado alertava que deveriam ser levados em conta: “a organização social do trabalho; a intencionalidade consciente das ações, o uso de meios indiretos (ferramentas e signos), tendo em vista também necessidades subjetivas, […] descoladas […] de seu caráter imediato”.

Sem educação não poderemos alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável como   combater a pobreza, a fome, melhorar a saúde da população, valorizar a mulher e preservar a biodiversidade marinha e terrestre e os recursos naturais como a água. Dela depende também o desenvolvimento de tecnologias com energias renováveis e trabalhos decentes, além da industrialização da nação; seu papel é fundamental para reduzir desigualdades com menor consumismo, viver em cidades inclusivas e pacificas e desenvolvimento mais sustentável nos eixos econômico, social, ambiental e cultural.

Dentro das dificuldades estruturais brasileiras, e acima dos discursos bem intencionados e politicamente corretos que pouco tem a ver com a realidade das ações, é urgente a adesão de organizações e pessoas com o cumprimento dos ODS, pois a degradação socioambiental afeta a raça humana de forma geral, mas seus efeitos são muito mais sensíveis nos países em desenvolvimento, e muito deles são causados pela pobreza, já que os mais pobres e incultos muitas vezes não tem outra opção de subsistência que não seja explorar a natureza no curto prazo para sobreviver.

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Políticos, empresários, organizações sociais, comunidade acadêmica e a população em geral, não tem as mesmas ideias e interesses sobre o que seja desenvolvimento sustentável, e muitas de suas opiniões são absolutamente antagônicas. Embora nas últimas décadas as discussões tenham avançado bastante, ainda não chegamos a um consenso, mesmo que determinados setores da sociedade estejam um pouco mais conscientes de quanto a finitude dos recursos se encaminha para um momento crítico.

Nova governança, um novo paradigma socioeconômico, novo modelo de produção, novo ativismo, uma nova educação, uma nova mentalidade, baseado nos objetivos de desenvolvimento sustentável tem sido fomentada por novas alianças e parcerias podem ser um ponto de concordância entre pares, mas exige um conhecimento tecnológico que só a educação pode gerar.

Segurança sobre todas as decisões envolvendo meio ambiente e manutenção da vida humana por longos prazos são ainda difíceis, a industrialização crescente de novos produtos, alguns com riscos inerentes, excedem nossa capacidade de análise das suas consequências, educação para a ciência e tecnologia são deficitárias no país.

Sem bom sistema educativo, é impossível pensar em cidadania, na qual os princípios de universalidade e equidade estão associados ao exercício da justiça; este é o ponto de partida para o compartilhamento de experiências, para a recuperação de nossa plena humanidade de conexão de uns com os outros e coexistência pacífica com o planeta por muitas e muitas gerações.

*Artigo escrito pela Professora Wanda Camargo, representante do UniBrasil Centro Universitário no Núcleo de Instituições de Ensino Superior (NIES) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) e pela coordenadora executiva do CPCE, Rosane Fontoura.  O CPCE é colaborador voluntário do blog Giro Sustentável.

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