Podemos separar o que vivemos em frações independentes, em momentos isolados, sem conexão de causa e efeito ? É possível isolar o hoje – seus fatos e consequências imediatas – do que virá depois?
Muitas vezes agimos como isso pudesse ser verdade… mas não é bem assim. Não há ações realmente inconsequentes. De algum modo, por alguma via, todos os nossos atos são costurados em nós, em pontos mais ou menos profundos. Mal ou bem feitos, rudes, grosseiros ou delicados, com diferentes fios, em suturas contínuas ou a pontos separados, somos atados – com ou sem nós – por pouco ou para sempre.
Não há gesto, decisão, movimento de estrutura ou de palavras que não imprima uma marca em alguém, alguma coisa, algum lugar, alguma estória, alguma memória. Engano imaginar que apenas as grandes expressões deixam mensagem. Talvez não o façam ao redor mas sempre o fazem em algum lugar dentro de nós.
Somos escolhas. Mesmo as inconscientes, mesmo as disfarçadas. Somos seus agentes e suas resultantes, seus por quês e seus porquês, ações e reações, gritantes ou silentes.
Plantar dirige o colher. As sementes contidas em cada escolha são frutos em potencial. Ainda assim, passamos mecanicamente por boa parte da existência, sendo mais resultado que opção: sendo mais cicatrizes. Pouco observamos a tecelagem de nossos tecidos. Não nos damos conta das redes que entrelaçamos. E essas malhas, confeccionadas sem muita atenção, acabam por nos moldar.
Estamos colhendo hoje o que plantamos ontem. Mas e quanto às escolhas de agora? O que escolhermos plantar é o que iremos colher. Que mundo queremos ver? Em que mundo queremos viver?
*Este artigo foi escrito pela equipe multidisciplinar do blog londrinense Confraria do BEMestar.
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