Tenho dois filhos pequenos e recentemente dei uma “organizada de mãe” no quarto deles. Dez dias depois, a mesma constatação da organização anterior: muita miudeza, muito brinde, muita embalagem bonita e muitos brinquedos que acompanham o almoço no shopping, a revista educativa preferida, o chocolate com surpresa.
Logo pensei na festa de aniversário dos dois, que se aproxima, e tive arrepios: expectativa de novas sacolas imensas, cheias de brinquedos e pequenas tranqueiras, que irão superlotar cada um dos quartos já abarrotados. Tive a sensação de que a batalha por diminuir a quantidade desses itens plásticos acumulados durante a infância de qualquer criança é uma tarefa quase desumana. É como se estivéssemos fadados a perder.
A cada passeio, pais, tios, avós e amigos procuram eternizar o momento com uma lembrança, uma bolinha que pula, um brinquedinho de melhor ou pior acabamento, mas que ao final vai acabar sempre junto: num imenso baú plástico, onde o que é importante vai disputar o precioso espaço com um cacareco qualquer.
Se por um lado reclamamos que somos praticamente obrigados a ceder aos desejos dos pequenos em ter aquele item colecionável, por outro, as redes de fast-food, as revistas, os ovos surpresa de Páscoa justificam suas ações dizendo que não venderiam boa parte de seus produtos se não fossem acompanhados desses itens descartáveis.
Até podemos fazer uma varredura nas miudezas da criançada e manter o espaço sobre controle, dar para outra criança reutilizar, separar para reciclagem; mas não podemos esquecer que, pelo bem de nossos filhos que tanto queremos agradar, precisamos reduzir a compra de itens que não são necessários. Agradá-los não significa apenas acrescentar mais um objeto a uma coleção.
Necessário é aprender a dizer “eu te amo” de forma sustentável. Um abraço, um momento, um olhar, uma palavra de estímulo, ficam eternizados na lembrança – e não deixam resíduos acumulados.
*Artigo escrito por Raquel Momm, Conselheira do Sinepe/PR, instituição parceira do Instituto GRPCOM.
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