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Florestas Urbanas podem ser conservadas com ajuda de pessoas e empresas


técnica da SPVS inspecionando uma das áreas

Dos inúmeros dados que já foram produzidos sobre a devastação do patrimônio natural brasileiro, um necessita de especial atenção: a expansão desordenada das cidades, sobretudo no período entre o final do século XIX e início do XX, que reduziu alguns biomas a uma situação de quase extinção. Um exemplo típico do Paraná é o da Floresta com Araucária, que ocorre em parte do Paraná, Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul.

Os números esclarecem a dimensão exata do problema: em 1890 o Paraná contava com 98,32% de sua cobertura florestal original. Em 1930, esse percentual caiu para 64,12% com predominância de desmatamento nas regiões leste e central do Estado. Em 1965, o Paraná tinha apenas 23,92% de sua cobertura de mata original. A partir da década de 90, a situação agravou-se e o Estado passou a manter, na média, apenas 7,59% de sua cobertura original.

Porém, no mesmo momento em que o desmatamento atingiu seu ponto mais crítico, começaram a surgir projetos para proteger as poucas áreas remanescentes com vegetação nativa. É o caso do Condomínio da Biodiversidade (ConBio), projeto criado pelas ONGs SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) e Mater Natura em 2000. Em 2008, a SPVS firmou parceria com a Prefeitura Municipal de Curitiba e o ConBio uniu esforços com o Programa Biocidade em prol da conservação dos remanescentes de Floresta com Araucária do município. O objetivo é prestar apoio técnico sobre conservação e manejo aos proprietários de áreas com floresta nativa e estimular a criação de RPPNM (Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal).

Resultados

O trabalho começou com o levantamento dos imóveis atingidos por bosques nativos relevantes em Curitiba. Nesta fase, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) detectou mais de 1.000 imóveis cadastrados nesta situação. Os ténicos da SPVS e SMMA já realizaram visitas técnicas para caracterizar a qualidade da floresta e entrevistar os proprietários em mais de 900 áreas.

A partir disso, foi possível traçar um perfil dos proprietários. Segundo o levantamento, a maioria desconhece práticas de conservação e não sabem diferenciar espécies nativas de espécies exóticas invasoras, que prejudicam a biodiversidade regional. Porém, 42% deles são receptivos ao ConBio e cerca de 10% interessam-se em transformar suas áreas em RPPNM. Hoje, Curitiba conta com 5 RPNNMs (Cascatinha, Ecoville, Barigui, Bacacheri e Bosque da Coruja) e pelo menos mais 12 estão em processo de criação.

Pelos resultados apresentados, o ConBio foi selecionado para a Bolsa de Valores Socioambientais. No mesmo mecanismo do mercado de ações, a BVSA abre a possibilidade para projetos captarem recursos de investidores.
Segundo Elenise Sipinski, coordenadora do ConBio na SPVS, a iniciativa “ressalta a importância da conservação dessas áreas pelos serviços ecossistêmicos prestados ao solo, ao ar e ao habitat natural”.

*Artigo escrito pela equipe da ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).

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