As Instituições do 3º Setor em geral sofrem uma grande problemática: a falta de conhecimentos em gestão. No caso das instituições que atendem a pessoa com deficiência (PcD), esse fator é ainda mais preocupante pois são organizações geridas, em sua grande maioria, por pais com filhos com deficiência. Nesse sentido, os profissionais encontram dificuldades para conciliar a rotina familiar (trabalho, atendimento do filho, vida pessoal) com as responsabilidades da instituição. O efeito dessa realidade impacta na problemática social que as pessoas com deficiência vivem. A fila de espera de atendimento de PcD’s em Curitiba chega a 1,8 mil e estima-se que no Brasil se chega a quase 60 mil.
Diante desse contexto, a gestão dessas instituições é bastante fragilizada e a falta de recursos é recorrente. Para minimizar o problema, a equipe interna da instituição acaba por assumir muitas responsabilidades ao mesmo tempo. É diretor pedagógico captando recursos financeiros, é professor ajudando a vender rifa, é secretária realizando o marketing. Naturalmente, a falta de conhecimento impacta, e muito, na gestão como um todo. Não por falta de vontade, mas sim, porque a formação deles não exige esse tipo de competência. Mas mesmo diante de todas essas barreiras, o amor a causa e a perseverança em meio às dificuldades tem poderes fantásticos de transformação.
Estou nessa causa desde 2014, trabalhando na resolução desses problemas nas instituições. Vivenciei muito essa realidade e como podemos mudar esse panorama. Nesse período, tive a oportunidade de trabalhar diretamente na Escola Especial Egrégora apoiando no desenvolvimento da gestão financeira e no suporte à captação de recursos financeiros. A Escola teve uma quebra de gestão, isto é, a mudança de líderes, e isso acarretou numa série de problemas com prestação de contas e no endividamento financeiro.
O ponto de virada veio com o engajamento e a determinação da equipe, que fizeram com que esses obstáculos se tornassem apenas um pequeno degrau. Foram oito meses de muito trabalho e colaboração. O conhecimento e as ferramentas que compartilhamos foram rapidamente absorvidos e isso acarretou em um fortalecimento de toda a equipe. Trabalhamos na comunicação interna perante as atividades realizadas e no desenvolvimento e acompanhamento de planos de ação para captação de recursos visando recuperar a saúde financeira. Foi extremamente gratificante ter contribuído com esses resultados, agora a instituição está mais fortalecida, com uma visão de crescimento e engajada na busca por conhecimentos sobre gestão.
Por tudo isso, tenho a plena convicção que a gestão é um dos grandes pilares estruturais de impacto. Por gestão compreenda controles financeiros, ações para manter os colaboradores motivados, um marketing planejado e muitas outras definições. Com a gestão é possível maximizar todo o potencial que essas organizações têm de inclusão da pessoa com deficiência na sociedade. É nesse viés que a metodologia da ASID Brasil funciona. Para desenvolver a gestão das instituições, nós realizamos um ciclo de acompanhamento composto por três etapas: Índice de Desenvolvimento da Educação Especial (IDEE), Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e Melhoria Contínua.
O IDEE é o diagnóstico inicial que dá um panorama organizacional da instituição. O PDI funciona como um guia para que as instituições melhorem os pontos levantados pelo diagnóstico. O Melhoria Contínua é a execução do plano, são traçadas metas trimestrais para o alcance do objetivo anual. A ASID faz o acompanhamento desse ciclo de perto com as organizações, fornecendo suporte, ferramentas e conhecimento necessário para a realização das atividades. Para fechar o ciclo realizamos a reaplicação do IDEE para analisar o crescimento e traçar novas metas, reiniciando o ciclo.
Os últimos dados que coletamos mostram que estamos gerando um crescimento (Base das notas do IDEE em 2016) de 6,34%, em 34 instituições, e as perspectivas são de um aumento cada vez maior. Fazer parte dessa estatística é o que me faz levantar todos os dias para trabalhar. E observar as organizações atendendo cada vez mais PcD’s, com melhor atendimento e sustentabilidade é uma grande realização pessoal. Por isso, acredito fortemente que a profissionalização da gestão é a chave para que as instituições se tornem protagonistas da inclusão social das pessoas com deficiência e acabem com essa fila de espera que assola milhares de família no país inteiro.
*Artigo escrito por Lucas Dias Zagonel, graduando em Engenharia de Produção Civil pela UTFPR. É Diretor de Operações na ASID Brasil, onde trabalha há 3 anos atuando com as instituições com o foco no desenvolvimento em gestão. A ASID colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.
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