Os dados sobre o número de pessoas com deficiência (PcDs) no Brasil apontam que 6,2% da população possui algum tipo de deficiência (PNS, 2013), seja ela intelectual, física, visual, auditiva ou múltipla – que são duas ou mais deficiências associadas. Ou seja, mais de 12 milhões de pessoas em nosso país possuem algum tipo de limitação física ou intelectual, o equivalente a população da cidade de São Paulo. Mas seguramente essas limitações apontadas acima não se relacionam de forma alguma com o potencial de crescimento da pessoa com deficiência. Sabemos que o potencial da PcD é liberado quando aliado à uma educação de qualidade e a oportunidades que permitem o uso dessa capacidade. Nesse sentido, tanto a empresa, quanto a PcD, são beneficiadas com sua inclusão no quadro de colaboradores.
Uma pesquisa da McKinsey em parceria com o Instituto Alana sobre a inclusão de pessoas com Síndrome de Down no mercado de trabalho mostra que as características apresentadas por essas pessoas e sua forma de comunicação geram comportamentos diferenciados nos colaboradores. Esse processo impacta diretamente na saúde organizacional, isto é, a habilidade de uma organização alinhar-se, executar e renovar-se mais rapidamente que seus concorrentes para sustentar um desempenho excepcional ao longo do tempo. Se por um lado o número de PcDs empregadas aumentou muito devido ao rigor da Lei de Quotas, por outro, uma pesquisa da Associação Brasileira de Recursos Humanos feita com mais de 3.000 empresas mostra que um dos principais fatores apontados para a não contratação de PcDs é a resistência dos gestores, apontada por 35% dos entrevistados. Outro ponto levantado pela pesquisa é a dificuldade em estabelecer vagas para as pessoas com deficiência, com 40% das respostas.
Analisando esses dados podemos perceber que ainda hoje existe certo preconceito em relação a contratação e ao potencial das PcDs. Você já parou para pensar que isso é reflexo de uma falta de contato com esse público no dia a dia? Você, por exemplo, tem contato com alguém com deficiência no seu círculo familiar, entre amigos ou na empresa onde trabalha? Isso gera um desconhecimento e uma série de mitos sobre o assunto. Por isso, para que empresas se tornem inclusivas e desfrutem de todos os benefícios da inclusão, gerando o desenvolvimento de seus colaboradores, dando oportunidades a pessoas que precisam e impactando positivamente a sociedade, entram em cena alguns pontos chave:
– Sensibilização: nada mais é do que preparar seus colaboradores, com palestras, workshops e materiais de leitura sobre o assunto, ilustrando cases de sucesso e de fracasso de contratação de PcDs, fazendo um paralelo com os pontos que contribuíram para isso. Desta forma, os colaboradores criarão um sentido de empatia e estarão abertos ao processo de inclusão.
– Levantamento de vagas: um mito a respeito das vagas é que elas devem ser desenhadas exclusivamente para pessoas com deficiência, mas na verdade isso não deve ser feito. A PcD é como qualquer outro colaborador e não deseja essa exclusividade. O que deve ser feito é a adaptação da vaga de acordo com as características impostas pela deficiência, com o auxílio de softwares, tecnologias assistivas e o que mais for necessário para equalizar fatores que influenciam na produtividade.
– Acompanhamento: depois da entrada da PcD na empresa começa o período de adaptação, em alguns casos acontecerá muito bem e em outros será necessário conversar e readequar fatores, mas isso acontece o tempo todo com qualquer colaborador, não é mesmo?
– Retenção: todos nós almejamos cargos desafiadores e que nos motivem, por isso, é muito importante identificar periodicamente como os colaboradores estão se sentindo e definir uma perspectiva futura de desempenho.
Os dados e o tema discutido nesse texto são pouco comuns, qual a sua opinião a respeito da inclusão de pessoas com deficiência e como ela é feita hoje?
*Artigo escrito por Luiz Hamilton Ribas, graduado em Economia pela UFPR E pós-graduado em Marketing pela FAE Curitiba. Atua na área de Marketing e Inovação há 6 anos, sendo responsável pela criação do Programa Inclui da ASID Brasil (Ação Social para Igualdade das Diferenças), ONG que trabalha para aprimorar a gestão das instituições gratuitas de atendimento e ensino a pessoas com deficiência, resultando na abertura de vagas e melhoria da qualidade de atendimento. A ASID colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.
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