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Mais de 40° aquecem Sevilha, cidade sensual de Carmen, a cigarreira e Don Juan, o conquistador. Terra da cigana, do flamenco, das laranjeiras, da boemia, do folclore e dos tradicionais espetáculos espanhóis. De março a outubro a cidade está em festa, pois acontece o famoso festival de touradas de San Isidoro. Lá se pode observar os touros de perto, tirar fotografias e, se der sorte, acariciá-los e apostar no mais forte.

A placa de entrada indica o preço do show: 50 euros, e atrai vários curiosos formando uma fila de adultos, crianças, jovens e turistas. Já na arquibancada, os espanhóis se abanam com os leques e ajeitam as guloseimas e bebidas antes de o show começar. Em meio a aplausos e olhares animados, o toureiro surge com sua roupa bastante colorida, bordada com apliques, lantejoulas, ouro e prata reais através de um processo complexo. São conhecidas como trajes de luces (“trajes de luzes”).

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E começa o show. O matador recebe o touro sozinho na arena, no terço final da luta –faena. Matá-lo, Matá-lo! Exclama a plateia, sedenta de prazer e vingança. Olé! Recebem como resposta do toureiro, que desvia a muleta para lá e para cá. O transporte da ganadaria para a praça é estressante ao ponto de lhes reduzir 10% do seu peso. Sem anestesia, são cortadas numa zona sensível de terminais nervosos as pontas dos chifres. Conduzidos com aguilhões e à paulada e sem lantejoula ou ouro, entram na arena sob vaias. Depois das belas danças e em meio a assovios do público, o matador revela uma espada realmente cortante e afiada, de fina ponta, aproxima-se do touro e o atinge pelo pescoço, um ponto específico e mortal, embora o touro resista por 30 minutos. E o som dos aplausos enche a Maestranza. O cavaleiro amarra o touro e desfila com a carne pela arena. Como prêmio, o matador recebe as duas orelhas da besta, para estampá-las na sala de jantar.

Nem tão quente assim, Curitiba tem lá seus 20° e é o centro econômico do estado do Paraná. A cidade sorriso do grande relógio das flores, das inovações em infraestrutura tem bons restaurantes que agradam a 92,4% dos que deixam a cidade, de acordo com dados da Secretaria de Estado do Turismo do Paraná. Mas isso foi conquistado com muito esforço pelos restaurantes e chefs de cozinha para garantir qualidade aos estabelecimentos. O que mais atrai os turistas são as famosas churrascarias. O festival apresenta rodízio de mais de 50 tipos de carnes, entre vitelo, picanha, alcatra, filé mignon ao molho mostarda, maminha, fraldinha e, acredite se quiser, coraçõezinhos! Em um espetinho, são mais de 7 galinhas! É de dar água na boca! A placa de entrada indica o preço do show: 50 reais livre, e atrai famintos formando uma fila de adultos, crianças, jovens e turistas.

O que poucos sabem é que, antes de servir essas macias carnes, os chefs de cuisine aprendem qual é o melhor corte para garantir qualidade à mesa. Aliás, poucos sabem como o boi vira bife, por isso continue a leitura. Nos primeiros dois anos, o boi realiza seus últimos desejos: vai comer, beber e mugir com os amigos, sem se preocupar com os quilinhos a mais. Quando o abate se aproxima, os bois são castrados e, para não perder os 450 quilos, passam quase 3 meses sem andar. Mas a ração é de primeira: capim, cereais, melaço de cana, vitaminas e sais.

Uma hora antes do abate, os bois são examinados e, quem for selecionado, vai para a fila do abate. Nesse lugar há muitas curvas para que os animais não saibam o que está acontecendo. E, nas paredes, dispositivos antiempaque dão choques leves ou emitem ruídos. E então o esperado acontece: o animal recebe um tiro com pistola de pressão – ou um dardo que perfura o cérebro – e desmaia. A partir daí, para que não corra o risco de acordar, o boi deve ser morto em no máximo 3 minutos e comido nos próximos capítulos, a mesa do rodízio das carnes.

Ambos os casos se complementam nas opiniões de prazer, mas apenas um é discriminado bravamente. Para o churrasqueiro, fazer carne é uma arte que exige atenção no corte, tempero e preparo. E para o toureiro Gonzales, não se pode impedir a tourada, já que faz parte de uma tradição secular, um figurino de identidade nacional. Enquanto isso, o boi vai para lá e para cá, sustentando diversos espetáculos culturais.

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Artigo escrito por Andressa Molina, colaboradora do Instituto GRPCOM.

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