Ter uma atitude social e ambientalmente sustentável no dia a dia é uma das questões mais importantes na atualidade. Afinal, a responsabilidade de cada pessoa na forma como lida com o uso e a preservação dos recursos, de alimentos a roupas e tecnologia digital, por exemplo, faz toda a diferença hoje e no futuro do planeta. Esta maior consciência se estende ao descarte adequado do lixo, um dos pontos da maior relevância na questão da sustentabilidade.
Dados divulgados no início deste ano pelo jornal Folha de S.Paulo (em reportagem disponível no link), com base em estudos do Ministério do Meio Ambiente datados de 2016, apontam que em torno de 56% dos municípios brasileiros ainda utilizam depósitos inadequados para o descarte do lixo. A reportagem mostra que a adequação à lei da Política Nacional Resíduos Sólidos ainda está distante do desejado e daquilo determinado na legislação. Isso traz impactos sérios sobre a sociedade, a vida e o futuro dos brasileiros.
É muito importante assim que este seja um tema trabalhado na escola, para que crianças e jovens se desenvolvam com consciência e disposição para a ação quanto à geração e separação de resíduos e também quanto ao consumo. Uma forma de envolver os alunos em relação a este grande desafio, em termos globais, é trabalhar projetos especiais, que podem inclusive ser interdisciplinares. É uma forma leve e instigante de aprender de forma prática e global sobre uma das principais pautas da atual agenda mundial.
No Colégio Sion, por exemplo, implementamos um projeto bastante amplo envolvendo a questão do descarte do lixo, em curso desde o ano passado. O projeto envolve da separação correta do lixo ao consumo consciente e envolve praticamente toda a escola, dos alunos do Ensino Médio aos funcionários. Sou professora do Ensino Médio, onde o projeto foi iniciado, mas trabalho também com alunos menores, do Fundamental I, que também foram contemplados com esta ação.
Nela, os alunos do Ensino Médio puderam fazer um trabalho com a separação do lixo reciclável gerado durante um dia inteiro na escola. Em uma lona, no pátio, eles separaram, com toda a proteção necessária, e catalogaram este lixo. O fato de o lixo estar todo ali, separado, chamou atenção. Na verdade, o objetivo era de fato criar um impacto em todos, alunos, professores, funcionários, para que realmente pudessem ter uma noção de quanto lixo era produzido. Então eles separaram, fizeram a contagem e o registro da atividade. E assim se iniciou o projeto, em junho de 2017.
Tive a colaboração de todos os professores do Ensino Médio, o aval da coordenação, da direção, todos participaram. Foi um projeto interdisciplinar, compreendendo 11 disciplinas do Ensino Médio, com a participação de 70 alunos de primeira, segunda e terceira séries.
Biologia, História, Sociologia, Língua Portuguesa, Matemática, entre outras disciplinas, participaram do projeto. Foi praticamente um semestre de muita pesquisa. Os alunos fizeram visitas ao aterro sanitário, pesquisaram, usaram dados coletados na matemática, construíram infográficos, textos, as professoras de história e sociologia trabalharam a questão da história, do consumo, da produção do lixo. Produziram um livro digital, que ficou espetacular. Foi realmente um grande projeto do Ensino Médio, mas que acabou impactando a escola toda.
Fizemos também uma parceria com uma empresa júnior da Universidade Federal do Paraná, que nos concedeu consultoria técnica para a implantação das lixeiras de separação do lixo, além de treinamentos para os alunos de Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio e para os funcionários sobre o descarte de resíduos.
O trabalho de pesquisa gerou, no ano passado, o tema da Mostra do Conhecimento, que é uma espécie de feira de ciências que temos na escola, dentro da ideia de que os alunos passem os conceitos adiante. Outro resultado foi a implantação das lixeiras para a coleta separada, em junho de 2018.
Agora, estamos em uma nova etapa, que já trata da redução no uso de recursos como copos descartáveis e canudos plásticos, de modo a reduzir impactos ambientais. Os professores da escola ganharam canecas personalizadas para o chá e o café, além de garrafinhas para tomar água. Já reduzimos bastante, por exemplo, o uso de copos descartáveis. Nossa ideia é eliminá-los do cotidiano.
Nossa proposta é que o projeto continue por muitos anos, com foco na conscientização dos alunos. Eles levaram essas ideias para casa, vários comentaram que mudaram suas ações. É aquela questão: pensar globalmente e agir localmente. Trata-se de um pequeno passo iniciado dentro da escola mas que pode ser levado à comunidade.
Vejo que as questões relacionadas à sustentabilidade são muitas. Mas, de acordo com o projeto que desenvolvemos, o que concluímos, de forma geral, é que a questão mais urgente é a do consumo, do consumismo, porque isso gera um volume grande de resíduos. Quanto mais consumimos, mais resíduos geramos. Então, é importante parar e pensar, pôr a mão na consciência, se é mesmo necessário adquirir tantos produtos.
E, na hora de consumir, dar preferência para aqueles que têm embalagens que possam ser recicladas ou que tenham menos material. Vale também adotar atitudes como o uso de sacolas retornáveis nos supermercados. Tudo isso evita o acúmulo de resíduos no dia a dia. Pensar antes de consumir – esta é nossa proposta, de um consumo consciente.
*Artigo escrito por Adriana Braz, professora de Biologia para o Ensino Médio do Sion Curitiba – instituição de ensino associada ao Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR). O SINEPE é colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.
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