Apesar das conquistas, em pleno século XXI muitas mulheres ainda sofrem violências e enfrentam dificuldades no meio social em que vivem e/ou trabalham. Essa violência e opressão não são de hoje. Vários autores – entre os quais está Simone de Beauvoir, uma reconhecida filósofa francesa – relatam que o processo de opressão feminina teve início com o surgimento da propriedade, isso ainda na Pré-história.
Analisando as variadas fases da evolução da sociedade podemos observar que, desde o início da história, a mulher passa por um processo de submissão ao homem. Ao dominar a natureza, o homem, que antes era nômade e vivia em grupos, fixa moradia e começa a defender sua propriedade. Nesse processo, a mulher foi tomada como sua propriedade.
Desde a Idade da Pedra até a Idade Moderna as mulheres não conquistaram muitos direitos. Mesmo quando deixaram o espaço privado do lar para trabalhar em empresas, elas se viram aprisionadas nele. Vale ressaltar que o desequilíbrio de direitos sobre a mulher é influenciado pelo modelo familiar patriarcal machista que vigora na maior parte dos lares heterossexuais.
O desrespeito ao gênero feminino ocorre também no âmbito da comunidade e do trabalho. O Brasil não é diferente de outros países, exceto em algumas particularidades. Aqui, a submissão das mulheres aos homens era prevista em lei. O Código Civil de 1916, dizia que no intuito de “proteger a família, a mulher deveria ter autorização do marido para poder trabalhar”. Essa condição de subordinação passou por vários estágios desde que a “segunda onda” do feminismo atingiu o país. Nos anos de 1970, uma sequência de assassinatos de mulheres cometidos por seus parceiros assustou o país e provocou o movimento “Quem ama não mata”.
Passado meio século, pouco mudou. À exceção da criação da Lei Maria da Penha, as brasileiras não têm muito a comemorar: a violência não cessou (basta ver os números), a lei ainda não foi totalmente implementada, continuam levando triplas jornadas de trabalho, ganham menos e ainda têm o corpo mercantilizado.
Além de conviver com o estereótipo de “sexo frágil”, as mulheres ainda são, na maioria dos casos, culpabilizadas pelas violências que sofrem: se apanham do marido é porque gostam; se são estupradas é devido ao fato de “se vestirem como vadias” – aqui parafraseando o policial canadense aqui parafraseando o policial canadense que acabou estartando a Slut Walk (Marcha das Vadias) que chegou a várias cidades brasileiras, como Curitiba.
De fato, os direitos das mulheres nunca foram conquistados de maneira fácil. Do voto à criminalização de seus algozes, tudo foi conquistado nas ruas em marchas ou protestos. Se para construir uma sociedade mais justa e igualitária em que as mulheres tenham seus direitos respeitados é preciso marchar, marchemos juntos!
Alguns números:
– O estupro e a violência doméstica representam cerca de 5% a 16% dos anos saudáveis de vida perdida de mulheres em idade reprodutiva.
– Na América Latina e Caribe, a violência doméstica atinge entre 25% a 50% das mulheres.
– Uma mulher que sofre violência doméstica geralmente ganha menos doque aquela que não vive em situação de violência.
– No Canadá, um estudo estimou que os custos da violência contra as mulheres superam 1 bilhão de dólares canadenses por ano em serviços, incluindo polícia, sistema de justiça criminal, aconselhamento e capacitação.
– Nos Estados Unidos, um levantamento estimou o custo com a violência contra as mulheres entre 5 bilhões e 10 bilhões de dólares ao ano.
– Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento calculou que o custo total da violência doméstica oscila entre 1,6% e 2% do PIB de um país.
– Ainda de acordo com o Portal Violência Contra a Mulher, mais de um bilhão de mulheres no mundo – uma em cada três – foi espancada, forçada a manter relações sexuais ou sofreu algum tipo de abuso, na maioria das vezes, por pessoa próxima, parente ou amigo.
– Um estudo feito pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc no ano passado aponta que a cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas violentamente no Brasil.
Artigo escrito por Flávio Freitas, colaborador do Núcleo de Educação do Instituto GRPCOM.
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