Toda vez que é anunciado um reajuste nos preços da gasolina, o consumidor brasileiro fica de cabelo em pé. Natural, pois o combustível não só é o mais usado pela população – aliás, numa proporção que só tem crescido em relação aos biocombustíveis – como também pressiona a inflação, na medida em que faz parte da linha de produção da grande maioria dos produtos que consumimos. Por isso, pensar em novos reajustes apavora muita gente.
No entanto, o que poucos sabem é que o preço da gasolina no Brasil é irreal. O litro, que custa em Curitiba uma média de R$ 3, não deveria sair dos postos por menos do que R$ 4. Isso não acontece porque o governo, via Petrobrás (que monopoliza o comércio), segura os preços – justamente numa tentativa de não pressionar ainda mais a inflação. Esta estratégia, no entanto, não vem se mostrando boa para o país. Nossas refinarias não dão conta da demanda, o que faz com que importemos gasolina, diesel e até biocombustível, na medida em que produzir etanol por aqui perdeu a competitividade – inclusive por causa da redução dos investimentos da Petrobrás nesta área, a fim de aliviar o rombo bilionário em seu caixa.
A perda de competitividade da indústria do biocombustível também se dá pela mesquinhez do brasileiro, sempre buscando apenas aquilo que mais “compensa” para o seu bolso. O cálculo de que o desempenho do álcool é 70% menor do que o da gasolina (enviesado, pois isso depende de cada carro) é usado como argumento para que, às vezes por uma questão de dois ou três centavos, o motorista opte pela gasolina ao invés do etanol.
Até mesmo a “preguiça” de ter que levar menos vezes o carro para abastecer faz com que o brasileiro escolha a gasolina na hora de encher o tanque.
A opção pelo etanol pode não ser diretamente vantajosa no momento do abastecimento, mas é a melhor alternativa na visão mais ampla da sustentabilidade – muito embora, no âmbito social, a melhoria das condições de trabalho ainda seja uma demanda absolutamente necessária. Economicamente falando, o ciclo completo de produção e consumo dos biocombustíveis é menos oneroso, mas é na eficiência ambiental que se encontram as maiores vantagens. Para fornecer 1.000 litros de energia, o ciclo do etanol emite aproximadamente 309 kg de CO₂, enquanto que para a mesma quantidade de energia, o ciclo de produção da gasolina libera 3.368 kg (veja na imagem abaixo).
Na disputa para ver o que compensa mais para motoristas, consumidores em geral, para o país e para o meio ambiente, o etanol está muito à frente. Basta tomarmos consciência disso.
*Artigo escrito por Rafael Finatti, colaborador do Instituto GRPCOM em Curitiba
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