O escritório de advocacia curitibano Gaia, Silva, Gaede & Associados foi a primeira empresa a receber a Certificação LIFE (Lasting Initiative For Earth – Iniciativa Duradoura pela Terra), uma ferramenta pioneira para incluir a conservação da biodiversidade na política das empresas. A novidade avalia a eficácia da gestão ambiental das organizações e, a partir dos resultados, indica a implantação de uma agenda voluntária em prol da conservação da biodiversidade.
É uma ferramenta reconhecida por instituições governamentais e pesquisadores do Brasil e do exterior, que veem como tendência necessária e irreversível o envolvimento de empresas na temática da conservação. “As empresas já percebem a importância de terem uma boa gestão ambiental como diferencial para evitar custos e manter ou conquistar novos clientes. A Certificação LIFE permite um avanço ainda mais qualificado nesse sentido, promovendo ações concretas de conservação da biodiversidade em consonância com os impactos ambientais identificados em cada empresa. O reconhecimento é também um instrumento desenvolvido para aproximar o setor privado da temática”, explica Ricardo Gomes, coordenador de Novos Negócios da SPVS – Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem. Para ele, o mecanismo permite que as companhias identifiquem e reconheçam a relação entre economia e qualidade de vida com um dos principais problemas ambientais da atualidade: a perda da biodiversidade (desmatamento, degradação do patrimônio natural, extinção de espécies, entre outros eventos).
Para garantir a certificação, a empresa deve atender a um conjunto de padrões em sua gestão ambiental, que precisam ser auditados por uma entidade certificadora independente que, no caso do escritório, foi o Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná). A Certificação LIFE se diferencia de outros reconhecimentos ambientais porque estabelece um desempenho mínimo em ações de conservação com base nos impactos e porte das organizações, além de incentivarem-nas a manter um processo de melhoria contínua em seus aspectos de gestão ambiental, como o uso de água e energia e o cuidado com a geração de resíduos e emissões de gases de efeito estufa. Entretanto, o maior diferencial da Certificação LIFE é a promoção de ações concretas e voluntárias de conservação da biodiversidade. O certificação é válido por cinco anos.
Conservação como parte dos negócios
A ação de conservação da biodiversidade escolhida – dentro de um leque de opções – pelo escritório Gaia, Silva, Gaede & Associados consiste na proteção de 400 hectares da Reserva Natural do Patrimônio Natural (RPPN) Santa Maria, de propriedade da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental), em Antonina (PR). A ONG atua no local desde 1995, desempenhando ações de pesquisa, manejo e treinamento de funcionários para garantir a conservação desse importante remanescente de Floresta Atlântica, que é também responsável por oferecer água, capaz de abastecer quase 20 mil habitantes de Antonina. “O apoio do escritório é mais um esforço para garantir a proteção integral da reserva”, afirma Liz Buck Silva, coordenadora de Projetos da SPVS. “Nosso trabalho também é auditado como parte do processo de certificação, por isso, precisamos garantir à empresa que a fiscalização da área esteja alcançando resultados em biodiversidade. Essa é uma das ações que permite o escritório pontuar para alcançar o desempenho mínimo necessário para a obtenção da certificação”, explica. Ela acrescenta, ainda, que caso a empresa decida se certificar, a ONG poderá desenvolver um papel de orientação sobre o que fazer, considerando o tipo e a dimensão do trabalho de conservação que é preciso ser executado. Entre os programas sugeridos estão o apoio às reservas naturais do litoral, RPPNMs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural Municipal), ações de restauração, educação ambiental e apoio à pesquisa em áreas naturais, ao ConBio (Condomínio da Biodiversidade) e ao Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa.
Para Ricardo Gomes, o maior diferencial da Certificação LIFE é a possibilidade de conectar empresas com demandas que elas terão que atender num futuro breve. “Talvez nos próximos cinco ou dez anos as corporações sejam obrigadas a perceber a relação entre negócios e áreas naturais. Existem estudos que já indicam esse caminho”.
Segundo o Instituto LIFE, organização responsável pela gestão e desenvolvimento da metodologia da certificação, existe uma forte tendência de aumento da procura do reconhecimento em 2014. Como a Certificação tem por vocação ser uma ferramenta internacional, o Instituto LIFE também é responsável por sua expansão em outros países. “Em cinco anos, acredito que a procura pelo reconhecimento seguirá a trajetória de outras certificações ambientais, pois isso demonstra uma evolução do setor privado e as empresas têm muito a ganhar em termos de eficiência de sua gestão e reputação”, avalia Ricardo.
*Artigo escrito pela equipe da ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), parceira do Instituto GRPCOM no Blog Giro Sustentável.
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