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O bom senso vem de berço
| Foto:
Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Depender do transporte público ainda é um fato que assusta muita gente, todos os dias acordar mais cedo, sair correndo para não perder o ônibus e aguentar o mau humor de alguns motoristas, cobradores e até dos próprios passageiros pode fazer com que o nosso dia não seja tão bom quanto esperamos ao abrir os olhos pela manhã.

Mas, não é por isso que deixamos de observar os fatos durante as viagens pela cidade. Enquanto esperamos, é inevitável ficar alheio às situações que estão ocorrendo ao nosso redor, e olha que são muitas.

Em um dia desses estava no ônibus e me deparei com uma cena que me fez realmente parar e refletir. É visível que alguns motoristas e cobradores se recusam parar o ônibus para o passageiro usar o elevador que está instalado em alguns dos veículos e, assim, auxiliar a entrada de pessoas portadoras de deficiência. Esses são casos isolados, pois também já presenciei situações em que tanto o motorista quanto o cobrador foram muito atentos e prestativos com esse procedimento.

Entretanto, o que me chamou mais a atenção foi outra situação diferente. Uma mulher tentava insistentemente entrar com o carrinho de bebê, mas não conseguia, pois é pesado e impossível de carregar sozinha. Um moço ofereceu ajuda, e ela aceitou no mesmo momento. Alguns minutos depois, outro rapaz levantou a questão ao motorista: Por que vocês não usam o elevador para ajudar a mulher a colocar o carrinho para dentro do ônibus? O motorista, bem ríspido, respondeu: Uma vez o cobrador foi ajudar a moça e o carrinho caiu no chão com o bebê, a mãe o processou pelo que havia acontecido e, por isso, não ajudamos mais. Surgiu, naquele momento, uma discussão entre o passageiro e o motorista que não acabava mais.

Outro dia também, estava na estação tubo central e, lá de longe, ouço uma gritaria imensa, quase não dava para entender o que estava acontecendo. Só dava para enumerar a quantidade de agressões verbais que ecoava pelo corredor. Passageira e cobrador trocando ofensas por um simples intervalo de tempo. Fim do expediente do cobrador, então ele travou a catraca bem no momento que chegou a vez de a mulher entrar no tubo, foi aí que começou a discussão que durou uns 5 minutos, até a mulher dar um chute – sim, um chute, na porta de saída do tubo. Ela, sem pagar a passagem, embarcou no próximo ônibus defendendo suas razões e insultando quem estivesse por perto e ousasse discordar dela.

Problemas com o transporte público são frequentes. Por todos os lados têm pessoas reclamando, incomodando e se incomodando. É visto que quando dependemos deles, nada funciona direito; o ônibus demora a chegar, a passagem é muito cara, o ponto não tem cobertura, o motorista fecha a porta sem querer quando vamos entrar e nunca tem um lugarzinho para sentar. No entanto, é bom percebermos o quanto ele é importante no nosso dia a dia e que, muitas vezes, funciona melhor do que o próprio táxi.

Respeitar o próximo é o primeiro passo para tudo dar certo, então vamos colaborar e saber os momentos de manter a calma, mesmo que chegue a sua vez de entrar no tubo e você tenha que esperar mais um minuto. Além de benefício próprio, também é uma forma de praticar e dar o bom exemplo.

E você, tem alguma história para contar?

*Artigo escrito por Juliane Gambogi, colaboradora do Instituto GRPCOM.

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