Pensar o futuro é desafiador, complexo e, não raro, frustrante. Avaliar o “porvir” a partir dos dados de análise disponíveis no presente afigura-se algo prudente, e é mesmo, mas apenas nos assuntos em que as ações de hoje talvez possam influir no que ocorrerá amanhã.
Sempre que tentamos fazer projeções futuras, é bom ter em mente que esta é uma área arriscada, muitos eventos podem alterar as perspectivas atuais sobre como será o próximo ano ou década. Catástrofes, grandes inventos, colheitas excepcionais, muitos acontecimentos podem alterar nossas projeções, porém, no entanto, algumas tendências ficam visíveis no cenário atual, permitindo alguns prenúncios sobre o período que agora iniciamos.
Quase todas as pesquisas mostram que nos próximos dez anos cerca de 80% dos novos empregos envolverão uso intensivo de tecnologia informatizada; e, com referência específica ao nosso país, a situação de momento permite dizer que quase certamente não haverá pessoas devidamente capacitadas em número suficiente para preencher estas vagas. Poderia ser um exemplo do sempre citado ideograma chinês que é o mesmo para crise e oportunidade, com o sistema educacional dedicando esforços para atender a esta demanda, formando estudantes com o perfil procurado.
Mas, infelizmente, estamos atrasados nesta corrida, e nada no horizonte permite antever alguma mudança radical nesta realidade, embora seja o desejo de todos nós: a Tecnologia da Informação não abrange apenas o bom uso de equipamentos de informática, o que pode ser suprido por um razoável curso técnico; trata-se de programação de alto nível para os mais variados usos, em aplicações médicas, financeiras, de engenharia, artísticas, industriais, jurídicas, em tudo que o computador possa ser utilizado. E grande parte dos programas deverá ser constantemente atualizada em face de novas “descobertas” nos setores para que se destinam; isso implica em saber mais não apenas sobre a área de atuação, mas também bastante de inovação, empreendedorismo e tecnologia.
Em todas as profissões, a extinção prevista de empregos que exigem menor capacitação tecnológica é iminente, e nossa educação em ciências, principalmente aquelas chamadas de “núcleo duro” parece caminhar a passos muito lentos. Um certo desprezo pelo conhecimento e pela conservação do meio ambiente, uma certa desconfiança de cientistas, a consideração de instituições de ensino superior como centros de balburdia e de usuários de drogas indicam uma tendência de afastamento do desenvolvimento científico, e os jovens parecem acreditar mais na religião como maneira de melhorar de vida, tanto pessoal como comunitária.
Embora a religião seja sempre interessante como forma ética e moral de vermos o mundo, ela não implica em deixarmos de estudar e colaborar profissionalmente para com o desenvolvimento do planeta. Entre a alavanca com que Arquimedes moveria o mundo se tivesse um ponto de apoio e o mais sofisticado computador parecem haver apenas diferenças; mas há uma semelhança fundamental: são instrumentos, ferramentas, e existem para intermediar as intenções ou necessidades de seus usuários com a sua realização.
Há um grande debate, que nunca terminará, acerca de qual seria o propósito da educação, e uma das correntes defende que a educação deve formar o homem e a mulher livres, solidários e reflexivos; não há como discordar disso mas parece que fica faltando alguma coisa. Outra diz que as escolas servem essencialmente para educar profissionais competentes para o mundo do trabalho; também é perfeitamente defensável, mas igualmente incompleto. Uma visão excessivamente pragmática, com a formação dos estudantes voltada apenas para o que pareça oportunidade mais simplista e imediata, pode levar a imensas frustrações pessoais e profissionais.
Preparar-se para as mudanças, adquirir maior flexibilidade, é cada vez mais essencial, pois a Educação nasceu praticamente com a fala, quando nossos ancestrais transmitiam aos filhos técnicas ou locais de caçada e outras informações indispensáveis para a vida e a segurança. E parece desnecessário que, milênios depois disso, estejamos pretendendo antecipar o conhecimento do que será a educação em um período tão ínfimo quanto uma década.
Mas o momento é de mudança, tão radical quanto a criação da escrita, tão generalizante quanto a prensa móvel, e embora já saibamos que não podemos dominar o tempo, nós tentamos, talvez o que nos diferencie mesmo dos demais animais, acima e além da consciência e dos polegares opositores, nós tentamos.
*Artigo escrito por Wanda Camargo, representante do UniBrasil Centro Universitário no Núcleo de Instituições de Ensino Superior (NIES) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). O CPCE é colaborador voluntário do Blog Giro Sustentável.
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