Dentro do terceiro setor podemos encontrar uma série de características: pessoas engajadas, sonhos grandes e vontade de mudar um contexto social que necessita de ajuda. Ao mesmo tempo que as pessoas que lideram os projetos são extremamente corajosas, bem-intencionadas e muitas vezes envolvidas diretamente com a causa que atuam, encontramos alguns estereótipos como baixo conhecimento em gestão, desorganização e esforço mal direcionado. Por muitas vezes, estes esforços e investimentos aplicados são desperdiçados em função da falta de conhecimento sobre assuntos de gestão.
Um dos motivos que causam esta carência de conhecimento é o distanciamento do terceiro setor (organizações sociais) em relação ao segundo (empresas de mercado), ou seja, não há uma troca de experiências entre setor social e empresarial, para que se desenvolvam de forma conjunta. Este afastamento impede que as instituições filantrópicas olhem para o setor privado com a intenção de gerar soluções para o mercado, ou até mesmo, a aderir às boas práticas realizadas por empresas. Portanto, uma solução para este problema é fomentar e incentivar oportunidades e o interesse das instituições em se relacionar com as empresas de forma benéfica para todos os envolvidos, ou seja, promover ganho para todos os envolvidos nos processos de geração de impacto social.
Existem algumas iniciativas que acreditam piamente no potencial de organizações sociais e como podem mudar o cenário do Brasil, e que o melhor caminho para desenvolver esse potencial é a comunicação entre os dois setores. Por exemplo a Ação Social para Igualdade das Diferenças (ASID Brasil), que trabalha em prol da pessoa com deficiência por meio de consultoria em gestão e projetos de voluntariado nas escolas e centros de atendimento para o público em questão, de forma gratuita.
Um exemplo destas práticas que unem os dois setores é o projeto Mentoria, da ASID Brasil. Foi entendendo o grande movimento no mercado atual com processos de mentoring que a ASID ligou mentores do setor privado a aprendizes do setor social. O principal objetivo do projeto é alavancar o desenvolvimento da gestão dessas escolas através do processo de mentoring envolvendo profissionais capacitados em assuntos fundamentais para a gestão financeira, recursos humanos, liderança, etc., e diretores e diretoras das instituições que precisam de ajuda para solucionar estes problemas. Portanto, estes profissionais conseguem reter conhecimento de ponta em um curto período de tempo, gerando resposta rápida a seus principais problemas e aumentando qualidade de atendimento e impacto. Ao passo em que ao mesmo tempo, os mentores tem a oportunidade de aplicar seu conhecimento em um contexto totalmente novo, repleto de peculiaridades, desenvolvendo competências que aplicarão no seu dia a dia lidando com clientes, competências como trabalho em equipe, empatia, liderança e muitas outras. Os responsáveis por estas escolas conseguem entender quais são as vantagens de organizar e profissionalizar sua gestão, e os voluntários desenvolvem empatia em relação à importância do setor social em nosso país, contribuindo ativamente para a sociedade por meio de um processo de aprendizado ativo.
Algumas das grandes vantagens de projetos como este são o impacto gerado na ONG, a mudança de comportamento e do mindset das diretoras e diretores, além dos mentores que se desenvolvem em ritmo acelerado, compreendendo melhor as dificuldades e oportunidades de um setor pouco conhecido no Brasil, enquanto reafirmam seus conhecimentos em gestão, superando desafios junto com a instituição. Se em um momento encontramos baixo conhecimento em administração e pouca profissionalização, hoje percebemos um movimento cada vez mais presente pelo alcance da excelência dentro do setor social. Projetos como o Mentoria tornarão comportamentos como estes cada vez mais comuns, e um terceiro setor cada vez mais profissional, promissor e gerando cada vez mais impacto.
*Artigo escrito por Estevão Siqueira, graduando em Publicidade e Propaganda pela Uninter. Atua na área de Gestão de Voluntariado há um ano e meio, sendo responsável pela mobilização e orientação de 590 voluntários em 10 projetos da ASID Brasil (Ação Social para Igualdade das Diferenças), ONG que trabalha para aprimorar a gestão das escolas gratuitas de educação especial, resultando na abertura de vagas e melhoria da qualidade de ensino. A ASID colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.
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