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Existe nos Estados Unidos uma cultura muito forte de doação, que surgiu muito antes da Bill and Melinda Gates Foundation ou da iniciativa Giving Pledge. O Giving Pledge, para quem não conhece, é uma iniciativa criada por Bill Gates e Warren Buffet que convida os bilionários do mundo a se comprometer a doar mais da metade de suas fortunas para causas sociais durante a sua vida ou em seu testamento (http://givingpledge.org). Atualmente, mais de 100 bilionários, incluindo Mark Zuckerberg, Michael Bloomberg e Richard Branson, já assinaram cartas se comprometendo a doar suas fortunas.

Pensando em como esta cultura de doação de grandes fortunas surgiu nos Estados Unidos e qual a motivação dos primeiros grandes filantropos a se envolver em causas públicas, retrocedemos à segunda metade do século XIX quando os empresários Andrew Carnegie e John D. Rockefeller estavam construindo os seus monopólios como pioneiros nas indústrias do aço e do petróleo, respectivamente.

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Ao estudar a biografia destes dois homens, ambos de origem humilde e que em 1896, junto com J. P. Morgan tinham uma fortuna equivalente às 40 pessoas mais ricas da atualidade, nota-se que eles passaram suas vidas inteiras competindo.

Na primeira metade de suas vidas a competição aconteceu no mundo dos negócios e na segunda para o posto de quem doava mais dinheiro.

Carnegie foi o primeiro empresário de nossa era a se interessar por filantropia. Decidiu que iria doar toda a sua riqueza e falava que um homem que morre rico, morre desgraçado. Acreditava que os milionários deveriam doar todo o seu dinheiro e doou o equivalente à 67 bilhões de dólares nos dias atuais.

A maior parte do legado de Carnegie foi para a educação e para a construção de mais de 2.500 bibliotecas públicas, além do famoso Carnegie Hall, casa de espetáculos em Nova Iorque.

John D. Rockefeller criou aos 73 anos a Rockefeller Foundation, com uma dotação inicial de 38 bilhões de dólares em valores atualizados. A Fundação Rockefeller foi responsável por grandes avanços na saúde pública, como a penicilina, descoberta pelo cientista Howard Florey na Universidade de Oxford em 1941. Uma doação de cerca de US$ 500 mil em valores atuais feitos pela Fundação Rockefeller permitiu que Florey pudesse montar um time de pesquisadores e comprar equipamentos.

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A soma atualizada das doações realizadas por John D. Rockefeller para a Igreja Batista americana, para universidades e para sua Fundação, equivale à 100 bilhões de dólares.

Ao ser questionado sobre a motivação de seu bisavô para doar tanto dinheiro, John D. Rockefeller IV afirma não saber se ele fez isso para obedecer algum preceito religioso ou se o fez efetivamente de coração. Mas ressalta que no final das contas esta motivação não fez diferença alguma.

*Artigo escrito por Patricia Valente Haj Mussi, advogada e fundadora do Instituto Ajuda Paraná, instituição parceira do Instituo GRPCOM no blog Giro Sustentável.

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