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Imagem: Gazeta do Povo
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Esta semana completo dois meses morando em Nova York. Depois de passar a vida toda na mesma cidade (Curitiba), tudo me parece novo e não importa quantos filmes ou seriados eu tenha visto que tenham sido gravados aqui, não me canso de admirar as diferenças entre esta nova vida e minha antiga.

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Nova York é talvez a melhor cidade do mundo para viver uma existência politicamente correta e sustentável; algo admirável, uma vez que consideramos o tamanho da cidade e sua concentração populacional.

Aqui, é difícil passear pela cidade sem se deparar com algum Farmer’s Market, um mercado de rua em que tudo que se vende vem direto de produtores locais comprometidos com as mais rígidas especificações. Tudo é orgânico, nunca passou perto de agrotóxicos, não vêm de grandes cadeias de produção que exploram trabalhadores. Uma torta vem etiquetada com o que parece uma bula médica: o trigo é integral e não processado, o açúcar é mascavo (ou então usa-se mel orgânico ou xarope natural de frutas), a maçã foi colhida a mão e é totalmente natural, nenhum produto industrial foi usado, ela foi embalada com cuidado pela própria cozinheira. Só falta garantirem que nenhuma maçã foi machucada no processo de produção da torta.

Passear por uma dessas feiras livres é um passatempo divertido. É possível comprar uma dúzia de ovos sabendo que as galinhas que os geraram foram alimentadas apenas com ração natural orgânica – e vegetariana. Que o café, que pode custar em média R$40 o quilo, é produzido sem trabalho escravo e importado via sistema fair trade de comércio. Mas e comprar? A não ser que você tenha R$12 para gastar em um único abacaxi, é melhor ser apenas um observador.

O mesmo acontece com a questão de energia. Por uma taxa mensal, posso pedir que meu fornecedor de eletricidade me transmita apenas energia limpa criada em fontes renováveis. As garrafinhas de água são biodegradáveis, o que é ótimo, mas isso faz com que elas se tornem praticamente descartáveis e difíceis de reutilizar e, portanto, eu acabo sempre gastando mais dinheiro em garrafinhas de água (já que sempre me esqueço de comprar um squeeze).

Eu, que vim aqui para estudar e mesmo antes de chegar já estava endividada, tenho que escolher entre ser sustentável levando em conta não apenas o produto, mas o seu valor. É uma cidade de contraste, que nos força a tomar decisões. Um paraíso para quem quer ser sustentável, um inferno para quem não tem como bancar esta sustentabilidade. Uma cidade em que é possível escolher entre entrar na lojinha da esquina e comprar uma salada de kale, arugula e quinoa com molho de queijo de cabra, pagando o valor de um bom jantar em Curitiba, ou então ir a um fast food ao lado e comprar dois cheeseburgers duplos com bacon e chilli por cinco reais. Aqui, a cidade me fez pensar em uma nova maneira de como ser (economicamente) sustentável.

 

*Artigo escrito por Lívia Lakomy, integrante da Associação Mensa Brasil, parceira do Instituto GRPCOM.

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