Claro que esse é um resultado esperado, e certo, da Copa do Mundo que aconteceu em nosso país. Talvez devêssemos refletir com profundidade, por que perdemos para a Alemanha? Como perdemos e o que poderíamos usar desta derrota para evoluir enquanto país?
Em 2013, passei 60 dias na Alemanha, como moradora de lá. Aluguei uma casa e um carro, e fiquei numa pequena cidade da Bavária chamada Ansbach. Desde então, a probabilidade da Alemanha vencer a Copa já existia, pois víamos a organização deles enquanto país e com o time já escalado.
Quando nos lembramos do placar 7×1, certamente temos que verificar onde estão estes golaços.
1º – A educação pública – apenas pública – dada para as crianças desde tenra idade tem como objetivo a disciplina de estudar muito, pesquisar muito, ficando na escola das 8 às 16:h30, todos os dias. Pensemos então, como é nossa educação e os princípios básicos que a norteiam?
2º – A educação no trânsito. Na Alemanha não existe guarda de trânsito. Há placas que são seguidas com extremo rigor. Nas estradas interestaduais você anda sempre no mínimo 80 km por hora, e a velocidade máxima é o que seu carro tem. Em cada pista existe uma sincronia entre os carros, delimitando quem anda na direita ou na esquerda. Quando encontramos uma placa sinalizando algo na estrada, é impecável a diminuição imediata da velocidade. Isso, sem nenhuma supervisão. Se você ligar o pisca-pisca, o cidadão vai ceder o lugar ou diminuir a velocidade para você entrar tranquilamente na rua que deseja. E nosso trânsito? Como é? Basta pensar na faixa de pedestre e na soberba de quem está dentro do carro.
3º – Sobre a educação social e organização, basta observar uma construção de uma residência desde o plainar da terra, até o final da obra. Tudo está em seu devido lugar impecavelmente organizado. O asfalto em frente à obra é lavado todos os dias, antes dos trabalhadores irem embora, em respeito aos vizinhos. Basta pensar como são as construções em nosso país e como ficam os arredores dos espaços em construção.
4º – Comunidade organizada. Na Alemanha, você vê flores e jardins em áreas públicas, muito bem cuidadas. Fomos averiguar quem cuidava, se era a prefeitura do lugar, ou se existia algum outro processo. Descobrimos que na cidade, existem equipes voluntárias que zelam pelos espaços e que, na frente das casas, quem cuida é o proprietário. Se fizermos um paralelo com nosso país, diagnosticamos que aqui tudo é obrigação do poder público, até os capins que nascem do lado de fora do muro da nossa casa.
5º – Responsabilidade social. Descobrimos também que nas cidades menores, com cerca de 30 mil moradores, não existe pessoas empregadas como bombeiros. Existe um grupo de voluntários que se organiza e fica pronto para qualquer atendimento. O caminhão e tudo que é necessário ficam num espaço aberto, sem trancas, e todos sabem o que fazer em caso de alerta (com o som específico). Em nosso país, as cidades menores ficam sem nenhum atendimento, pois esperam que o poder público o faça.
6º – Em todas as ruas que você anda, grandes, pequenas, próxima de sítios ou cidades, existe sistema de escoamento de água. No bueiro é colocada uma tela que separa todas as folhas, para que não suje o rio onde a água vai desembocar. Aqui, além das folhas, o lixo é lançado às águas sem respeito algum pela natureza.
7º – A sustentabilidade em pequenas atitudes é o que gera um país sem problemas com resíduos sólidos e lixo orgânico. Em várias residências observamos a reciclagem dos orgânicos sendo feita com pequenas estruturas de plástico e o resto – adubo, chorume, as sobras – é tudo usado nas plantas das próprias residências.Em vários lugares, vimos galões enormes para depositar papel, latas, isopor e roupas velhas, inclusive. Há lugares específicos para vidros, que são separados por cor. Os materiais recolhidos pelas famílias são destinados para a reutilização, já as roupas velhas são doadas aos países mais pobres. As garrafas de cerveja e as garrafas de água são devolvidas nos supermercados, pois ao comprá-las você paga um valor que é ressarcido somente na devolução. Aqui em nosso país, o que reciclamos e como reciclamos?
O nosso gol, quem sabe poderia ser agraciado pelos nossos políticos, com sua maneira obscura de governar, com seu ímpeto pelo poder e pela falha com relação à ética e a coletividade.
*Artigo escrito por Esther Cristina Pereira, diretora da Escola Atuação e diretora de ensino fundamental do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR). O SINEPE é colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.
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