Não se trata de deixar de ter foco nos resultados, mas sim, aglutinar no perfil profissional de seus colaboradores algumas habilidades referentes à responsabilidade socioambiental e também de inter-relacionamento e, desta forma, ter seus quadros profissionais mais adequados às novas exigências do mercado.
Para desenvolver estas habilidades, nenhuma empresa, por menor que seja, deve-se esquivar da oportunidade de adotar práticas de responsabilidade social empresarial (RSE). A RSE consiste em desenvolver de forma ética e responsável suas ações, tanto com a comunidade externa quanto para com seu corpo funcional. Com a ampliação do poder da mídia, das redes sociais e dos movimentos populares, aliado também à incapacidade gerencial de alguns governos, há espaço para às empresas apresentar suas contribuições para um mundo melhor. O benefício desta ação volta-se para a própria organização, uma vez que profissionais que se engajam em práticas de RSE melhoram sua percepção de mundo e, deste modo, calibram melhor o termômetro de suas tomadas de decisão.
Sabendo da importância da responsabilidade social, uma maneira das organizações obterem consciência sobre o que devem fazer é aderir aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O ODS surge em 2015 como uma atualização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Por meio de dezessete objetivos, e sessenta e nove metas, a Organização das Nações Unidas (ONU) estimula governos e organizações da sociedade civil de todo tipo, a programarem ações envolvendo temáticas diversas, tais como: erradicação da pobreza, segurança alimentar e agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, água e saneamento, energia, redução das desigualdades cidades sustentáveis, padrões sustentáveis de produção e de consumo, mudança do clima, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres e sociedades pacíficas e o estabelecimento de parcerias para o desenvolvimento sustentável.
Um dos objetivos das ODS, porém, é inerente a qualquer organização. O objetivo quinto refere-se à alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. A Save the Children coloca o Brasil na posição 102 de 144, num estudo que mede as oportunidades de saúde, desenvolvimento, relacionamento e educação para meninas. Essa situação reflete-se quando as mulheres ingressam no mercado de trabalho. Um relatório do Fórum Econômico Mundial afirma que a igualdade de gêneros no Brasil só será possível em 2095. Este estudo aponta ainda que o país está em 124º lugar, entre 142 países, no ranking de igualdade de salários. Entende-se que medidas que visam garantir isonomia de tratamento para homens e mulheres são necessárias. Sabe-se também que geralmente os melhores cargos, que pagam os melhores salários, são conquistados por aqueles melhores preparados. Um dado, porém, aponta para uma melhoria da igualdade entre gêneros
A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), realizada pelo IBGE, aponta que as mulheres ganham em média 73,7% do salário recebido pelos trabalhadores do sexo masculino, ou seja, vinte e seis por cento a menos. Dados do INEP de 2013 apontam que o percentual médio de ingresso de alunas no ensino superior foi de 55% do total em cursos de graduação presenciais. As mulheres também são a maioria entre os concluintes do ensino superior, pois 60% dos formados são do sexo feminino. Isso demonstra que claramente as mulheres estão buscando mais capacitações e tendo resiliência para concluir seus estudos.
Não há justificativa para esses números da desigualdade de rendas entre homens e mulheres, mas a gênese deles está no modo em que se propiciam as oportunidades. Mas como as organizações podem agir para propiciar a igualdade de gêneros? Muitas organizações já adotam o procedimento de analisar em seus dados quanto a programas de promoção nos diversos níveis hierárquicos e verificam a quantidade de profissionais do sexo masculino e feminino que entraram na corporação em comparação com aqueles que conseguiram alcançar posições mais altas na pirâmide organizacional. São contas simples, mas que podem demonstrar resultados importantes. Por exemplo, a empresa pode medir a proporção de homens e mulheres que foram promovidos para gerentes nos primeiros cinco anos na empresa. Os dados apontam para um equilíbrio de oportunidades? Se sim, a política da empresa está adequada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, caso contrário, deve-se investigar os motivos que podem apontar para uma segregação.
O amplo espectro de campos de atuação dos ODS pode direcionar a organização a atuar em algo relacionado aos seus negócios. Isso é o que faz, por exemplo, a Reckitt Benckiser, empresa atuante nas áreas de saúde e higiene e que apoia a iniciativa Save the Children, ONG internacional que possui programas de apoio a redução da mortalidade infantil em diversos países, podemos alinhar todas as ações de RSE da organização com os ODS pensando e direcionando a promover a igualdade de gênero.
As organizações e os homens que as comandam, devem apoiar medidas de redução do desnível de oportunidades entre homens e mulheres, afinal, o desenvolvimento sustentável só será possível com o aumento da igualdade de gênero.
*Artigo escrito por Claudio Marlus Skora, coordenador do curso de Administração do UniBrasil Centro Universitário, pertencente ao Núcleo de Instituições de Ensino Superior (NIES) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). O Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial – CPCE é colaborador voluntário do blog Giro Sustentável.
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