A ideia básica da emergência de uma necessidade decorre, normalmente, da escassez daquilo que nos é necessário para sobreviver, enquanto seres humanos, para nos relacionarmos, enquanto seres sociais e para gozarmos de bem-estar, enquanto seres racionais.
Assim, a noção de escassez tornou-se o parâmetro dos indicadores de quanto ameaçados estamos em cada momento de nossas vidas. Essa percepção ganha importância e atenção, na medida em que as condições de sobrevivência, de relacionamentos e de bem-estar começam a se deteriorar. A potencialização dessas condições ameaçadoras acaba então, por reforçar a certeza de que nossa existência na face da Terra pode estar seriamente comprometida.
Dessa forma, as noções de bem-estar, de vida em sociedade e de sobrevivência, passam a se relacionar de forma inversamente proporcional à quantidade de recursos disponíveis aos seres humanos para que continuem a sua jornada terrena. Essa ideia ganha força a partir do final do Século XIX e durante o Século XX, quando a humanidade experimenta uma considerável melhoria das condições de vida, proporcionadas fundamentalmente pelos avanços das ciências, da tecnologia e da saúde.
Entretanto, essa realidade trouxe um novo paradigma que pode ser traduzido na afirmação paradoxal de que, quanto mais melhorar, mais pode piorar, ou seja, ao melhorar as condições de sobrevivência a população humana passa a crescer de forma exponencial, ao passo que os recursos de subsistência decrescem de forma aritmética. Além de não zerar, o débito dessa conta só tem aumentado.
A partir da segunda metade do Século XX, as autoridades dos países mais desenvolvidos iniciaram inúmeras tentativas de se organizarem em torno da ideia dessa ameaça global, na expectativa de uma solução que ao menos pudesse mitigar os efeitos da desproporção entre a escassez de recursos global e as demandas da população que não para de crescer e de se tornar mais longeva a cada geração. Tentativas como a Conferência de Estocolmo, o Clube de Roma, Convenção de Viena, Relatório Brundtland, Protocolo de Montreal, Conferência Rio 92, Protocolo de Quioto, 1º Fórum Social Mundial, Relatório Stern, ODS da ONU e atualmente a Agenda 2030 da ONU, se mostraram infrutíferas ou pouco eficientes nos seus intentos.
Entretanto, em 2007, durante a Cúpula dos Líderes do Pacto Global da ONU, em Genebra, é lançado os Princípios para a Educação de Gestão Responsável (Principles for Responsible Management Education – PRME), cuja missão é transformar a educação empresarial e de gestão, no sentido de promover a conscientização sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, no sentido de desenvolver líderes empresariais responsáveis pelo futuro.
Assim, o papel das Instituições de Ensino Superior (IES), no combate à degradação da vida na Terra, em face do acelerado processo de ampliação da escassez de recursos destinados à manutenção da vida, passa a ser crucial nessa empreitada. Ou seja, a partir dos conhecimentos que se alicerçam nas informações e nos conceitos comprovadamente científicos, as IES passam a apontar direções na busca de soluções em prol da mitigação da degradação dos recursos ambientais, sociais e econômicos que são tradicionalmente reconhecidos como a base da rede de relacionamento dos seres humanos.
As Escolas de Negócios e de Gestão passam a desempenhar um papel fundamental na formação das habilidades e das mentalidades dos futuros líderes empresariais e se tornam poderosos impulsionadores da sustentabilidade corporativa e produtiva, ao conectar as empresas responsáveis com IES´s para ajudar a recrutar talentos comprometidos com os princípios da sustentabilidade, com capacidades de preservação e de renovação continuada. O capítulo brasileiro (Chapter Brazil) do PRME é formado por um grupo voluntário de Escolas de Negócios, Instituições de Ensino Superior e organizações de apoio brasileiras que compartilham a visão de formar líderes responsáveis preparados para atuar no novo paradigma da sustentabilidade. O atual Comitê é formado por representantes da Fundação Dom Cabral, Insper, Fundação Instituto de Administração- FIA-SP, SESI/FIEP-PR e UniOpet.
A educação para a sustentabilidade de líderes gestores pode ser a grande chance que a humanidade tem para reverter o processo de sua auto extinção, em virtude da escassez acelerada de seus recursos de sobrevivência, cujos desdobramentos são incalculáveis.
Artigo escrito pelo Professor Dr. Luis Antonio Verona – PhD representante do UniOpet do Núcleo de Instituições de Ensino Superior (NIES) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema FIEP e Membro do Comitê Brasileiro PRME – Chapter Brazil.
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