Sustentabilidade é, essencialmente, uma forma de pensar o mundo, seus recursos, e o tipo de convivência que temos uns com os outros e com o planeta. Sabemos que o viver sustentável implicará numa mudança de postura não apenas em relação ao consumo, mas também na ampliação do conceito de ética, cidadania e solidariedade.
Acreditamos sempre estar prestes a atingir este objetivo, mas basta olhar em torno para averiguarmos que não é bem assim. A recente campanha eleitoral, por exemplo, nos brindou com uma coleção de acusações de parte a parte, em sua maioria estapafúrdias e infundadas, que merecem profunda reflexão sobre os limites éticos do marketing eleitoral.
Os principais candidatos são assessorados por um ou vários profissionais desta área, que teriam como meta adequá-los ao melhor meio de transmitir suas ideias, supostamente bem intencionadas, visando atingir o maior número possível de pessoas que com elas comungariam, no menor espaço de tempo possível, da forma menos ambígua, o que propiciaria sua eleição, ou seja, a possibilidade de execução das suas propostas.
O que se vê, no entanto, é o estabelecimento de uma competição acirrada pelo poder a qualquer preço, um festival de calúnias e meias verdades, batalha em que a vítima é, certamente, a população, cada vez mais confusa.
Segundo os pensadores da área, “o marketing eleitoral consiste em implantar técnicas de marketing político e comunicação social integrados, de forma a conquistar a aprovação e simpatia da sociedade, construindo uma imagem do candidato que seja sólida e consiga transmitir confiabilidade e segurança à população, elevando o seu conceito em nível de opinião pública.”
Mas até que ponto um marqueteiro pode dispensar a verdade neste fazer? Imperfeições podem se reveladas? A pílula precisa ser dourada? A velha questão dos fins que justificam os meios retorna.
Esta é ocasião propícia para aprofundar reflexão em torno da ética do marketing eleitoral e do impacto destas práticas naquilo que podemos considerar o fundamento da sustentabilidade socioambiental, já que a perspectiva de uma campanha “sangrenta”, como definida pelos próprios candidatos, conduz a uma postura egoística (baseada em interesses próprios e de pequenos grupos de interesse – coligações) e de não responsabilização dos candidatos com seus eleitores.
Acrescidas à falta de consciência ambiental e ao déficit de ações para o bem comum, vemos o exercício da omissão da verdade e do excesso de agressão, que impedem a adoção de uma nova cultura de direitos, e não permitem a participação do cidadão em um processo solidário na construção dos programas de governo.
O acesso à informação vem assumindo papel cada vez mais relevante: redes sociais, imprensa, escolas e outras entidades, aos poucos, estão permitindo espaço de debate sobre alternativas que possam garantir uma construção mais democrática, que consolide uma participação plural e cidadã.
As inter-relações entre tecnologia, modos de comportamento, ações sociais, economia e política, chamam a atenção para a necessidade da adoção de uma nova postura ética, em relação à preservação não apenas do meio ambiente, mas também de posturas públicas que garantam: educação, saúde, segurança e tantas outras demandas que sirvam de exemplo para as gerações atuais e futuras, e pautem de forma mais digna os políticos, que estão cada vez mais perdendo o respeito e a credibilidade da população, e que deveriam por princípio serem “servidores públicos”, ou seja, servir ao público.
Assim, de forma holística, os desafios da sustentabilidade confrontam o paradigma da “sociedade de risco”, pois implicam em reorganização do poder e da autoridade, e do papel indutivo de dirigentes públicos na forma como concebemos atitudes e discernimos procedimentos adequados para alterar o quadro vigente de degradação socioambiental.
O crescimento da consciência cidadã, ampliando a participação popular nos processos decisórios, é demanda social. O marketing selvagem, prezando a versão dos fatos mais convenientes para seus fins, sem o menor compromisso com a realidade – e não apenas em questões eleitorais -, tem mediado a vida em sociedade, embora pessoas mais motivadas e mobilizadas devam ser também propositivas e capazes de questionar, de forma concreta, a falta de ética e o compromisso com o desenvolvimento sustentável.
*Artigo escrito por Wanda Camargo, professora e representante das Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil) no Núcleo de Instituições de Ensino Superior (NIES) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), e pela coordenadora executiva do CPCE, Rosane Fontoura.O Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial – CPCE é colaborador voluntário do blog Giro Sustentável.
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