Embora ainda existentes e preocupantes, não são mais as guerras que parecem ter o poder de destruir o futuro da raça humana. Pela primeira vez na história, o descontrole dos modos de produção, a ausência de iniciativas verdadeiramente sustentáveis, o desejo do lucro imediato que elimina a preocupação com as gerações futuras, podem devastar a vida do planeta. A perplexidade que nos imobiliza diante das crises econômicas, de concepções e de paradigmas, parece nos impedir de escolher um bom caminho para nosso amanhã. Imóveis, parecemos ter perdido qualquer possibilidade de desenvolvermos utopias, projetos, esperanças.
Herbert George Wells, conhecido como H. G. Wells, escritor nascido em 1866, foi professor e é considerado por muitos o pai da ficção científica, devido a romances como A máquina do tempo, O homem invisível, A guerra dos mundos, e vários outros, nos quais mostrou-se verdadeiramente visionário quando às perspectivas de guerras e mesmo na manipulação genética dos animais e na ética em nossa relação com eles. Já ao início do século XX, Wells declarava que “a História da Humanidade é cada vez mais a disputa de uma corrida entre a educação e a catástrofe”, e isso foi antes das duas guerras que marcaram o período, com tudo indicando hoje que a catástrofe venceu.
A solidariedade, mesmo que apenas como um sonho utópico, parece, cada vez mais, trocada pela competitividade e a indiferença em relação aos demais, a progressiva extinção de animais, tudo nos questiona sobre o papel da educação na era das informações, e quais serão as perspectivas para este terceiro milênio.
Embora sustentabilidade, em seus vários aspectos: econômico, ambiental, social, esteja sendo discutida nos ambientes escolares de todos os níveis, a verdade é que não conseguimos ainda sequer universalizar a educação básica com relativa qualidade: o Brasil possui milhões de analfabetos e alfabetizados precários que apenas conseguem “desenhar” o próprio nome, tanto adultos quanto crianças, vergonha de que demoraremos a nos livrar e que colabora para com a insustentabilidade de nosso crescimento em ritmo adequado às novas demandas mundiais; nem também estabelecemos um projeto cultural de médio ou longo prazo capaz de nos indicar um percurso seguro para o incremento educacional num planeta em rápidas e imensas transformações.
Escolas capazes de relacionar-se autonomamente com o mundo do trabalho, o Estado e a própria sociedade, funcionando de forma democrática e ao mesmo tempo eficiente ainda é um ideal a ser perseguido, e enquanto discutimos se a finalidade desta é a transmissão cultural ou a transformação social, não realizamos bem qualquer uma delas, detendo-nos em discussões intermináveis e improfícuas sobre ideologias já superadas pela realidade.
Enquanto persistirmos na dificuldade de compreensão dos efeitos de nossas atitudes atuais nos processos de subsistência das novas gerações, teremos mais discursos politicamente corretos que efetividade; passar do enfoque individual para o social, alterar nossa política de curto prazo para uma política de sustentabilidade de longo prazo exige uma pedagogia permanente e internacionalizada, já que não somos uma ilha, e nenhum país poderá evoluir e atender às demandas de bem estar de seus cidadãos se os demais estiverem famintos e sem condições de proverem aos seus. O terrorismo está ativo como nunca, e os problemas migratórios demonstram claramente o quanto a solução deve ser conjunta, sob pena de tragédias e horrores para todos. Albert Einstein, indagado sobre como seria a terceira guerra mundial declarou não saber, mas ter certeza de que a quarta seria travada a flechas e tacapes entre os poucos sobreviventes da anterior; e aparentemente nem precisaremos dela, nosso egoísmo e consumo desenfreado poderão ser suficientes para destruir a humanidade.
A solução, portanto, embora complexa, deve ser holística, na lógica do vivente – princípio unificador do conhecimento em torno do ser humano – que valoriza o cotidiano, a singularidade, o entorno e suas decisões. O futuro chega, queiramos ou não, estejamos preparados ou não, melhorar nossa capacidade de educar para a sustentabilidade é essencial.
Artigo escrito pela Professora Wanda Camargo representante do UniBrasil Centro Universitário no Núcleo de Instituições de Ensino Superior (NIES) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). O Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial – CPCE é colaborador voluntário do blog Giro Sustentável.
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