O termo sustentabilidade tem se legitimado ao longo do tempo de forma a fazer parte da linguagem cotidiana em ambientes de diversos grupos. Seu sentido se afirma, sobretudo, na perspectiva ambiental e de desenvolvimento com uma preocupação de um futuro passível de vida adequada compatível com os recursos naturais (ou não) de hoje.
Contudo, o termo também tem adquirido contornos dúbios por sua abstração e definição pouco precisa. Além disso, seus objetivos estão em constante desafio ao redor do mundo, buscando viabilidade, de modo a não impactar as próximas gerações. Deste modo, mesmo considerando o desgaste do termo, sustentabilidade é ainda um projeto necessário, pois na essência, implica na efetividade de um projeto consistente e compartilhado, de uma construção que perdure com resultados de transformação da realidade, com impactos positivos. É um projeto de futuro.
Deste modo, sustentabilidade em saúde pode ser entendida também como um projeto viável de visibilidade que agregue liberdade, desenvolvimento, valores sociais e alegria. Incorpora um rol de ações integradas que devem não apenas enfrentar, mas se possível extinguir, as várias cargas de doença a partir do presente, com vistas ao futuro. Deve assim, de maneira sistemática, manter o foco na saúde, em escala de prioridade superior em relação às doenças. Implica, logo, reduzir ou não viabilizar a existência dos fatores de risco de todas as origens, sejam eles sociais, ambientais, ocupacionais, do estilo de vida, do sistema de saúde, entre outros, incluindo os marcadores de risco da biologia humana, que podem impactar a saúde humana. Obviamente, isso requer também em sustentabilidade política em saúde. Faz-se necessário consolidar políticas em saúde duráveis, que transcendam gestões, adversidades, epidemias e tendências.
As políticas em saúde devem trazer resultados imediatos, mas principalmente no longo prazo, como nas ações de promoção da saúde. Estas necessitam de uma construção transetorial com aderência de todos, governo, população, setor privado e terceiro setor. Sem essa sintonia, não se consolida um projeto sustentável. Ainda assim, tal processo não se molda sem a sustentabilidade cultural em saúde. Cultural no sentido das práticas de saúde, do estilo de vida, da alimentação, do cuidado físico e mental, e da legitimação das políticas, obviamente, seguidas das práticas da sociedade consonantes com tais políticas. Uma vez adotadas, as práticas não são mais reversíveis. Um exemplo disso é o hábito (gerado por leis) do respeito ao pedestre ao atravessar nas faixas. Após a aderência social deste fazer, não há como retroceder.
Evidentemente não se pode ignorar outras formas de se concretizar sustentabilidade em saúde: o compromisso da educação em todas as instâncias, da captação e manutenção dos recursos, das estratégias sólidas, dos programas concretos, da infraestrutura plena, dos equipamentos sociais acessíveis e universais, dos serviços equitativos e integrais, e obviamente do foco na efetividade, medida através de indicadores que avaliem tal evolução. Só se é sustentável, se houver efetividade, pois isso é reflexo da mudança da realidade. Sustentabilidade em saúde é mudar a realidade para melhor, com uma sociedade mais saudável, feliz e protagonista de suas decisões e construção de seu futuro. É um processo sem volta.
Artigo escrito por Paulo Henrique Battaglin Machado, professor dos cursos de graduação da área de saúde e ambiental da Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR), integrante do Núcleo de Instituições de Ensino Superior (NIES) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), parceiro voluntário do blog Giro Sustentável.
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