A construção civil é um dos maiores consumidores de recursos naturais, sendo responsável por entre 15 e 50 % do consumo dos recursos naturais extraídos, desde água e madeiras até calcário e minerais. Dentre estes recursos, o consumo de agregados naturais (areias e pedras britadas) é responsável por parcelas que variam entre 1 e 8 toneladas/habitante.ano, dependendo da região do planeta e grau de riqueza do respectivo país.
No Brasil, o consumo de agregados naturais somente na produção de concretos e argamassas é de 220 milhões de toneladas/ano, sendo que algumas destas matérias primas tradicionais, usadas na construção civil, tem reservas mapeadas escassas. Para tal, diversos autores discutem o uso de fibras de Polietileno Tereftalato (PET) em substituição aos agregados miúdo (mais especificamente – areia), devido a sua configuração granulométrica.
Estas pesquisas divergem desde as quantidades utilizadas em substituição ao agregado miúdo até as diferentes propriedades físicas apresentadas em seus respectivos testes. Os teores variam entre 0,5% até 30% de adição em relação ao cimento e a areia, e são ligadas a diferentes benefícios. Exemplos disso foi a melhora no desempenho térmico; redução da densidade (e por consequência, do peso específico); aumentos da tenacidade e da ductilidade.
Como toda nova técnica e tecnologia, aspectos negativos também precisam ser estudados. Com o uso das fibras de PET, os pesquisadores perceberam queda nas resistências do concreto conforme aumentava-se as quantidades; redução da trabalhabilidade e dos módulos de elasticidade dos respectivos concretos e diminuição da resistência à tração – o que parece contraditório, e necessita de uma melhor investigação, uma vez que é um material muito mais “plástico” se comparado à areia.
É de consenso comum entre os autores que existem vantagens no uso das fibras de PET na confecção de concretos para a construção civil, partindo do aumento da resistência à compressão ou até mesmo a simples destinação de um material poluente em um composto inerte.
Porém, um entrave que precisa de apoio é a disseminação da coleta seletiva. De acordo com os dados de recicladores da Região Metropolitana de Curitiba, a quantidade de PET recolhida para reciclagem ainda é baixa. Segundo Produtores e Recicladores de Embalagens Plásticas, de Almirante Tamandaré/PR, se forem duplicadas as coletas, ainda haveria capacidade ociosa das instalações de reciclagem dos mesmos.
Outra dificuldade é o alto custo deste material. O “flake” de PET, incolor, tem valor de mercado superior a R$2,00 por Kg, além de que ainda é encontrado em quantidade insuficiente para o consumo local, concorrendo com o custo de aproximadamente R$0,05 por Kg de areia, ou seja, uma diferença de 40 vezes no custo (por Kg) entre os materiais.
Apesar de benéfico quanto às propriedades físicas, o custo-benefício da utilização desta tecnologia não será viável sem apoio ou intervenção governamental, seja na área de educação, (com campanhas educacionais focadas na separação de resíduos para reciclagem, aumentando assim a oferta), investimentos em estrutura de coleta seletiva ou em benefícios fiscais junto aos construtores e empresas que utilizarem deste material para fins de preservação do nosso planeta.
*Artigo escrito pelo coordenador do curso de Engenharia Civil Renato Braga Coelho Neto e pelo professor Alejandro Salazar Guerra; revisão da professora Karime Smaka B. Rodrigues, todos da UNICURITIBA, pertencente ao Núcleo de Instituições de Ensino Superior (NIES) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). O Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial – CPCE é colaborador voluntário do blog Giro Sustentável.
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