Por CPCE
Segundo o historiador Caio Prado Junior, território é “um palco dos acontecimentos econômicos e das transformações vivenciadas pela sociedade”, e isso está profundamente relacionado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Conhecer cada território é o primeiro passo para uma possível melhora, seja em relação à pobreza, tanto no meio rural quanto em grandes centros urbanos, chegando a extremos com pessoas que vivem com menos de R$ 8,00 por dia (US$ 1,90); até a questão ainda presente da fome.
O fenômeno da fome não é facilmente debatido num país onde é inclusive negado quando atende a interesses de uma certa elite, pois isso envolve produção, logística de transporte e estocagem, distribuição e consumo de alimentos. Assim como parte da população ressente-se da falta de elementos nutritivos na alimentação cotidiana, outra parcela tem alimentação inadequada ou excessiva acarretando obesidade, o que constitui igual desafio para a vida saudável.
A boa gestão da saúde pública passa pelo planejamento territorial, por um lado evitando a produção de doenças, controlando a ocupação de áreas inadequadas e criando uma estrutura ambientalmente sadia, por outro tornando mais eficazes as providências necessárias, instalando equipamentos e serviços que sejam condizentes com as realidades a que se destinam.
O auxílio de um bom sistema educativo seria parte do processo para a solução, porém escolas estão muitas vezes inseridas em locais violentos e de tráfico de drogas, e seus próprios elementos de proteção, como muros altos e grades, as afastam das comunidades e prejudicam sua integração com o espaço físico circundante; o grande desafio é encontrar formas de, ainda assim, abrir-se para a participação da comunidade. É preciso lembrar ainda que é exatamente nessas regiões conflagradas que menos mulheres frequentam escolas, pela insegurança local e falta de reconhecimento da necessidade educacional feminina.
Nas questões ambientais, o foco territorial é fundamental. Acidentes geográficos e bacias hidrográficas são instrumentos e sistemas gestores do ordenamento territorial e seu adequado conhecimento, dos rios do entorno das áreas em que se vive, trabalha e estuda são não apenas uma contribuição importante ao meio ambiente, mas principalmente maneira de equilíbrio interno do ser humano com seu ecossistema, atentando também para a gestão do saneamento, energia e resíduos.
Num planeta majoritariamente coberto por água, o ataque sistemático promovido pelo consumo humano desenfreado polui os mais distantes mares a partir no rio que passa na proximidade das nossas casas: resíduos orgânicos, residenciais, industriais, hospitalares, tóxicos, são um subproduto inevitável de nosso modo de vida. Reduzir sua quantidade, acondiciona-los e trata-los de modo correto antes da destinação final é questão de sobrevivência pessoal, da espécie, dos demais animais e do planeta.
Assim como construímos os nossos territórios, diversos outros espécimes precisam de seus habitats para viver, é indispensável encarar a questão ética, o dever de preservar a natureza e com isto a biodiversidade terrestre dentro de um mesmo microterritório.
Se efetivamente desejamos alcançar a prosperidade, a realidade territorial também é importante na questão da geração de empregos, inovação e a vida dentro das cidades, suas áreas de lazer e de trabalho. Entender a distribuição espacial das diferentes comunidades, muitas delas condicionadas ao poder aquisitivo, reservando os melhores espaços àqueles que podem pagar por eles, muitas vezes interferem no desenvolvimento econômico de toda a população, pois ofertas de empregos sem a possibilidade de transportes eficientes, sem instituições escolares próximas, sem equipamentos desportivos e de recreação nas imediações tem sido gerador de violências e insalubridades das quais todos se ressentem, em contramão das construções de territórios pacíficos.
O enfoque territorial tem contribuições para o desenvolvimento econômico e do espaço, os clusters, os novos distritos industriais e o desenvolvimento econômico local.
Em cada território estão os problemas (passivos) e soluções/respostas (ativos) e, sobretudo, os atores sociais: governo, empresas, organizações sociais e voluntários que interagem no desenvolvimento territorial local e que produzem as soluções, que devem responder às necessidades da geração presente sem comprometer as gerações futuras.
A gestão do território deve, necessariamente, passar pelo entendimento e interpretação dos fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, culturais e, na atualidade, dos fatores ambientais, para uma postura equilibrada, sem prejudicar o planeta em que vivemos. A boa gestão territorial garante prosperidade a todos, e depende muito do esforço de cada um de nós.
*Artigo escrito por Wanda Camargo, representante do UniBrasil Centro Universitário no Núcleo de Instituições de Ensino Superior (NIES) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE,) e Rosane Fontoura, coordenadora executiva do CPCE. O CPCE é colaborador voluntário do Blog Giro Sustentável.
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