Era dia 22 de fevereiro de 1998. Segunda-feira. Do luxuoso edifício em uma das áreas mais nobres do país, colunas de sustentação simplesmente cederam e boa parte do Palace II simplesmente veio abaixo, sem aviso prévio nem tempo para pensar. Simples assim, oito pessoas foram vitimadas por erros de cálculo, além de uma óbvia negligência associada a toda situação. Não estou nem mencionando a perda material.
O que era para ser um sonho de tranquilidade e símbolo da conquista através do trabalho de diversas famílias virou um pesadelo que, anos antes, poderia ter sido evitado, pois a defesa civil havia interditado o prédio. Esta decisão foi revisada logo em seguida, em 1996.Se você tem mais de 20 anos provavelmente se lembra da tragédia a qual me refiro. Ao me recordar deste fato chocante, parei para realizar que, guardadas as devidas proporções, vivemos num potencial prédio com fragilidades estruturais.
A analogia não é difícil de ser acompanhada. Pense comigo: por um lado temos o local onde se vive; por outro, temos os perigos de um colapso da estrutura sobre si, independente do fato causal para tal colapso. Ainda temos, logicamente, os moradores – que são os maiores interessados no desfecho do caso.
Bom, na alegoria o prédio é o próprio planeta. O colapso pode ser entendido de diversas formas (fenômenos naturais destrutivos “provocados”, desequilíbrio ecológico, esterilização de terras ou desertificação acelerada por processos agrícolas, etc.) Os moradores: eu, você, sua mãe, seu vizinho, seu cachorro… Bem, você entendeu a ideia.
Tal qual ocorreu com a maldita decisão de voltar atrás na interdição do Palace II, o momento no qual hesitamos em reconhecer que, sim, alterações na natureza ocorreram, estamos apenas empurrando a conta pras gerações futuras.
Aí você poderia perguntar: e daí?
Bem, meu filho e/ou neto provavelmente deve ter que pagar a conta. Aliás, o seu também. E o do seu vizinho. E o (tatatata)tataraneto do seu cachorro! Bacana, né? Será mesmo? O que será que um ex-morador do Palace diria sobre esta situação? Sejamos mais responsáveis. Mais austeros na hora de cobrar de quem nos representa. A proposta de sustentabilidade deve ser ponto crucial em qualquer ação política. O exemplo tem o intuito de ser chocante, mesmo, para que a urgência do problema seja captada.
Quer um empurrãozinho para compreender a gravidade da situação? Durma uma noite do lado de fora de casa! De preferência sem cobertor, porque não deu tempo de correr pra buscar.
A hora que a casa cai – com o perdão do trocadilho –, assim acontece sem se importar se você está ciente ou de acordo. Sequer se você tem algum outro lugar pra ficar.
*Artigo escrito por Pery Freitas, membro da Associação Mensa Brasil.
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