Dilma costurou o novo Código Florestal pressionada pelos ruralistas e também pela sociedade civil organizada.
Na última sexta-feira, 25 de maio, a presidente Dilma Rousseff vetou 12 itens do projeto do novo Código Florestal e fez 32 modificações no texto aprovado pelo Congresso Nacional. Hoje, segunda-feira, o governo apresentará a Medida Provisória com o texto integral via publicação no Diário Oficial.
A decisão da presidente acabou por desagradar ambas as partes, ambientalistas e ruralistas. De um lado, os ambientalistas dizem que os vetos não foram suficientes e que há aspectos ocultos em detalhes técnicos da lei que podem ser perigosos: tratar-se-ia apenas de uma maquiagem superficial para o Brasil “não ficar mal” na Rio+20? Os ruralistas, que não queriam veto algum, também ficaram insatisfeitos.
O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, afirmou que “esse não é o código dos ambientalistas, tampouco o dos ruralistas. Este é o código do bom senso”. Ora, já dizia Rochefoucauld, pensador francês, que só achamos que os outros têm bom senso quando são de nossa opinião.
Discussões à parte, a questão que fica aqui para reflexão é sobre a construção de uma nova consciência coletiva. Afinal, o movimento Veta, Dilma! ganhou o país, agitou mídias sociais como o Facebook e o Twitter, envolveu formadores de opinião, reuniu estudantes, jornalistas, pensadores, acordou o povo.
Será que esses milhões de manifestantes que movimentaram as mídias nesses dias apontam para uma nova descoberta do sentido da política e da democracia? “Dia do Basta”, “Pela Educação”, “Brasil Contra a Corrupção”, “Campanha de Politização do Povo Brasileiro”, “Bicicletada”… Movimentos que, cada vez mais frequentes, talvez revelem uma sociedade que não quer mais esperar pelo dia do voto para debater sobre cidadania. Quiçá um povo que começa a acreditar em sua voz, exigindo transparência, justiça e igualdade?
*Artigo escrito por Fernanda Martins, colaboradora do Núcleo de Educação do Instituto GRPCOM.
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