O nome oficial é Capela de São Judas Tadeu, mas todo mundo conhece como Igreja do Cascatinha. Não funciona com serviços religiosos regulares, mas celebra casamentos e missas em datas especiais. Todo domingo, tem missa às 8:00 da manhã e, ainda, de tempos em tempos, serve um almoço de igreja que reúne tanto pessoas próximas da comunidade, com toda uma história ligada à ocupação da região de Santa Felicidade, como gente que atravessa a cidade sem necessariamente ter relação com a comunidade italiana de Curitiba, mas que gosta de comer bem – meu caso.
Para chegar na igreja, optamos por fazer a pé um percurso um pouco mais longo, que incluiu uma rua fechada que se tornou bosque novamente e um caminho que passa bem ao lado da cascata que dá nome ao rio e ao bairro Cascatinha, logo atrás do restaurante de mesmo nome. Fiquei pensando que é mesmo uma lástima que o rio hoje em dia esteja poluído a ponto do mau cheiro ser percebido mesmo num dia frio de outono (na volta, aproveitamos para ver de perto a Casa dos Gerânios, caminhando por trechos que nem parecem estar localizados dentro de Curitiba).
Mesmo chegando atrasados para a missa que é celebrada antes da comilança, demos sorte de conseguir uma mesa sem precisar esperar muito. O salão paroquial é grande mas o almoço é concorrido.
De saída, já gostei do esquema: paga-se R$ 20,00 por pessoa (menores de 10 anos não pagam) e come-se o quanto quiser. Bebidas à parte.
Montes de comida são preparados nos panelões e vão sendo servidos nas mesas compridas, muitas delas reunindo várias gerações de uma mesma família. O atendimento é feito por voluntários da comunidade, com aventais de cores diferentes (verde, branco e vermelho), cada cor correspondendo a funções específicas no salão. Eu não cheguei a compreender exatamente quais eram estas funções – os de avental branco servia as mesas – mas o pessoal dava conta de atender toda aquela multidão e administrar a balbúrdia. Porque festa de italiano sem balbúrdia não é festa de italiano.
Primeiro, vieram a polenta frita, e o frango a passarão (que é como eu resolvi apelidar o frango a passarinho deles, servido em pedaços enormes), todos dois sequinhos, uma delícia. Um detalhe é que a polenta servida é branca – uma amiga me jurou que o pessoal ali de Santa Felicidade usa (ou usava) polenta amarela como comida para os porcos. Em seguida a rúcula (ou radicci, ou chicória, eu sempre me confundo) que acompanha lindamente o risoto que chegou por último. Enquanto isso, o macarrão era servido nas mesas, no esquema rodízio. Pra ser sincero, eu prefiro sempre o macarrão mais al dente, mas quem sou pra ficar botando esse tipo de reparo besta no macarrão das nonas? A bebida era buscada num balcão em que, de alguma maneira, o pessoal conseguia organizar o atendimento por ordem de chegada – o balcão de bebidas também estava disputadíssimo.
Minha porção italiana, descendente de vênetos do Alto Vale do Itajaí, sentiu uma pontinha de nostalgia naquele ambiente com a toalha xadrez, as paredes de tábua e ripa e os copos todos misturados, cada um de um tipo. As vozes altas, a comida, tudo me lembrava de quando eu era criança nas festas na casa da minha avó em Rio do Sul (SC).
Entre uma travessa e outra de macarrão, dava pra arriscar a sorte na rifa, que oferecia brindes doados por comerciantes e famílias de região. Bem que tentamos, mas não foi desta vez que voltamos com uma batedeira nova ou um faqueiro para casa. Sorte no amor.
Se você perdeu a festança, não se amofine. No primeiro domingo de setembro, tem de novo.
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Serviço
Almoço na Igreja do Cascatinha (veja a localização da igreja no Mapa da Baixa Gastronomia)
Das 11:30 às 14:30
Preço: R$ 20,00 por pessoa, bebidas à parte.
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Mapa da Baixa Gastronomia
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