Tendo feito uma promessa de Ano Novo de virar as costas definitivamente para o futebol profissional e aderir com força à Suburbana (o principal torneio de futebol amador de Curitiba, para os de fora) me vi diante da perspectiva de fracassar retumbantemente em minha nova fase futebolística.
Entre outras coisas importantes, foi a idéia de poder assistir a um jogo tomando cerveja e comendo pão com bife que me fizeram querer mudar de ares. Mas, além do não pequeno desafio de me acostumar à idéia de torcer para um novo time, vi minhas boas intenções naufragarem vergonhosamente ao longo de todo o segundo semestre de 2013. A cada sábado, era uma bobagem diferente: ora estava doente, ora trabalhando, ora trabalhando E doente, chuva etc…
Estava quase me resignando a acompanhar o campeonato apenas através do Suburbana em Campo, o excelente blog do Maurício Kern, quando, finalmente, os astros se alinharam na conjuntura perfeita e me mandei para o Recanto Tricolor, para ver o Combate Barreirinha reverter o placar da primeira partida da semifinal contra o Trieste.
Mesmo saindo atrasado, venci as ladeiras que levam a Almirante Tamandaré, pensando se o tal pão com bife do Combate era mesmo isso tudo. Estava disposto a acompanhar apenas o segundo tempo de jogo quando, ao finalmente chegar, descobri com grande alegria que o horário dos jogos da fase decisiva era diferente do restante do campeonato. Ia poder assistir à partida desde o começo.
Precisando de sombra e descanso, acompanhei o primeiro tempo vendo o Combate martelar a zaga italiana, que ia levando perigo nos contra-ataques. Sentado no barranco, aproveitava para dar uma espiada na fila do caixa, planejando minha escapulida no intervalo rumo ao pão com bife.
Depois de um primeiro tempo tenso, em que um atacante do Combate ainda conseguiu praticamente atrasar a bola para o goleiro do Trieste dentro da pequena área, me mandei pra cantina, pensando no pão com bife (ladeira dá uma fome desgraçada)…
…para chegar lá e descobrir que o pão com bife já era.
Fiquei com aquela cara de cachorro de padaria, olhando os últimos dos cento e setenta pães com bife saírem da chapa, já vendidos.
O gol do Combate no segundo tempo ajudou a confortar o coração (mas não o estômago) deste tricolor recém-convertido, que ainda acreditou por todo o restante do segundo tempo que o 2×1 da primeira partida poderia ser superado.
Quando vieram os pênaltis, achei que já tinha tido emoções fortes o bastante para uma tarde de sábado. Também para evitar voltar de bike por caminhos desconhecidos à noite, acabei saindo a tempo de não ver o Trieste levar a melhor, enquanto pedalava de volta num fim-de-tarde de primavera.
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