A primeira resposta que vem à mente sobre quem seria o “anti-Lula” na atual campanha é o candidato Jair Bolsonaro (PSL). Pelo menos essa é a imagem que ele construiu nos últimos dois anos e que lhe permitiu crescer nas pesquisas eleitorais. É ele hoje quem tem mais chances de ir ao segundo turno em um cenário de impugnação da candidatura de Lula, o mais provável.
Bolsonaro, no entanto, não é o problema do PT neste momento. É Marina Silva (Rede) quem incomoda mais o universo lulista porque é ela quem recebe mais votos dos eleitores frustrados com a condenação em segunda instância do ex-presidente. O último Datafolha mostou que 21% dos votos de Lula vão para Marina, enquanto seu vice Fernando Haddad fica com 9% desses votos. É Marina quem está na frente na busca de uma segunda vaga para o segundo turno*.
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Podemos estar diante de uma repetição de um naco da eleição de 2014, quando a campanha de Dilma Rousseff gastou muita energia em minar o crescimento de Marina – a ponto de negligenciar Aécio Neves (PSDB). Marina e o PT brigam por perfis semelhantes de eleitores, de escolaridade e renda mais baixos e mais concentrados no Norte e Nordeste.
A história de vida de Marina guarda semelhanças com a de Lula. Não por acaso, os dois já estiveram do mesmo lado na política. Seus caminhos se separaram em 2008 e os dois se tornaram antagonistas. Hoje Marina usa o ataque que recebeu do PT em 2014 como seu exemplo preferido sobre “fake news” e sua influência nas eleições.
Os programas de governo da Rede e do PT também divergem. O estatismo na condução da política econômica é a marca central do que Lula e Haddad oferecem ao eleitor. Estão na lista do PT temas como intervenção para a redução dos juros, uso dos bancos públicos e as obras públicas como caminho para o crescimento. A Rede se compromete com o tripé de sustentação macroeconômico e reformas, em especial a da Previdência (embora sem detalhamento).
Não surpreenderia se a estratégia do PT em 2014 voltasse agora. A preocupação petista não é o tamanho de Bolsonaro, mas sim fazer com que o “poste” Haddad receba votos suficientes para ir ao segundo turno. Depois disso, o jogo será outro. Com o cenário embolado na disputa pela segunda posição nas pesquisas, Marina aparece como o primeiro alvo. A candidata da Rede, por sua vez, parece ter escolhido se opor a Bolsonaro. Pode ser uma forma de se parecer mais com Lula diante dos eleitores, sem precisar voltar atrás no tempo.
*A pesquisa Datafolha ouviu 8.433 eleitores em 313 municípios entre os dias 20 e 21 de agosto de 2018. Tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Registro na Justiça Eleitoral: BR 04023/2018.
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