O presidenciável Fernando Haddad decidiu começar a fazer críticas a Bolsonaro em sua campanha. Foto: NELSON ALMEIDA / AFP)| Foto:

A campanha do petista Fernando Haddad decidiu criticar em suas propagandas o líder nas pesquisas, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). Pelo histórico de quem adotou a mesma estratégia, é um movimento arriscado que pode até acelerar a resolução da eleição no primeiro turno.

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Foi no dia 17 de agosto que Marina Silva (Rede) confrontou Bolsonaro em um debate de TV. Ela tentava se firmar como um contraponto ao capitão para o público feminino, mirando na truculência do candidato. Um mês e meio depois, a campanha marinista se dissolveu, perdendo votos tanto para Haddad quanto para o próprio Bolsonaro.

Geraldo Alckmin (PSDB) usou estratégia parecida à exaustão em seu horário eleitoral. Mostrou Bolsonaro xingando mulheres, por exemplo, e tentou convencer o eleitor de que o deputado federal não teria condições de vencer o PT em um segundo turno. Nada disso adiantou para fazer a campanha tucana se tornar competitiva.

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Também não adiantou chamar Bolsonaro de nazista ou fascista, como fez Ciro Gomes (PDT). O confronto com o candidato do PSL e uma pauta econômica populista não foram suficientes para Ciro vender a ideia de que seria a única terceira via com chance de vencer.

Nem mesmo os protestos do último fim de semana contra Bolsonaro mudaram o rumo do debate – as pesquisas feitas nesta semana mostram que a intenções de voto em Bolsonaro cresceram, ao mesmo tempo em que as em Haddad estagnaram.

Não existe explicação fácil para o crescimento de Bolsonaro após ele ser atacado por adversários. Um fator importante é ele usar o fato de ser vítima de ataques de todos os lados como prova de ser um “outsider” no jogo político. Em outra frente, as críticas a seu modo de pensar reforçam sua posição entre o público que pensa como ele. E há também a desconstrução dos ataques por sua guerrilha nas redes sociais. Sem contar, é claro, com a facada que lhe deu exposição na mídia sem que ele precisasse participar de debates e sabatinas.

Ao partir para o ataque, Haddad corre o risco de alimentar os pontos fortes da campanha de Bolsonaro: a sensação entre o eleitorado de que ele é a representação do antipetismo, da anticorrupção e do contra o politicamente correto. Dizer que Bolsonaro votou contra o trabalhador na reforma trabalhista, por exemplo, ou atacar seu programa econômico liberal não muda o fato de que, para muita gente, o capitão representa um recado político independente do que ele pensa de verdade para seu governo.

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No fim, o grande erro das candidaturas de centro foi ter considerado Bolsonaro um fenômeno passageiro que poderia ser derrotado com discursos tradicionais, e não um efeito de como o sistema político se comportou nos últimos anos. Um sinal claro dessa incompreensão foi a estratégia do PSDB que, depois de todo o desgaste em sua união com o governo Michel Temer e a preservação do senador Aécio Neves, fez o que pôde para fechar um acordo com o centrão pelo tempo de TV.