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O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa protagonizou um dos fenômenos mais curiosos desta eleição presidencial. Há um mês, quando anunciou que se filiava ao PSB, virou rapidamente o único “outsider” com chances reais de se eleger presidente – o que foi confirmado pelas pesquisas que vieram a seguir. Isso sem ele ter dado uma única entrevista ou declaração pública consistente sobre sua candidatura. Barbosa tinha votos que vinham da lembrança do brasileiro sobre sua atuação no STF e não por sua atuação política recente. Era, sem dúvida, o que sobrou de novidade na corrida presidencial.

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Ao desistir da candidatura, o ex-ministro deixa a eleição no ponto em que ela estava um pouco de um mês atrás. O PT insistindo que terá Lula candidato, Bolsonaro na frente nos cenários sem Lula, dois candidatos de esquerda (Marina Silva e Ciro Gomes) com chances de irem para o segundo turno e o centro ainda pulverizado. A única diferença é que o eleitor que se identificou rapidamente com o nome de Barbosa terá de decidir novamente seu destino e, nesse movimento, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) pode se beneficiar. Alckmin não consegue chegar aos dois dígitos nas pesquisas e corre o risco de nem chegar a brigar pelo segundo turno.

Embora fosse um nome de esquerda na corrida eleitoral, Barbosa não apareceu bem nas pesquisas herdando votos de Lula. Na verdade, ele é identificado por sua atuação contra o PT no processo do mensalão e concorre com outros candidatos de centro. O destino deste eleitor, portanto, não deve ser a esquerda identificada com Lula.

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Barbosa vinha sendo cobrado nos últimos dias a vir a público para dizer o que pensa. Alguns jornais chegaram a imaginar o que ele faria como candidato ao analisar seus votos no STF e declarações do passado. Dali se pintou um candidato que defendeu Dilma Rousseff no processo do impeachment e que, embora não fosse anticapitalista, defenderia um papel ainda forte do Estado. Como isso se traduziria em políticas públicas era uma grande incógnita.

A desistência do ex-ministro o poupou de precisar dar entrevistas, como todos os outros pré-candidatos, e de se expor publicamente. Ele poderá continuar sem um perfil no Facebook e postando eventualmente comentários no Twitter. Para o país, talvez fosse melhor que, mesmo tendo desistido de ser presidente, ele participe do debate de forma aberta.

O processo de redução no número de candidatos ao Planalto é normal e deve continuar nas próximas semanas. O presidente Michel Temer (MDB), por exemplo, se coloca na corrida publicamente, mas é muito provável que fique cuidando de seus enroscos com a Polícia Federal. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), ganha mais se mantendo no Congresso e apoiando um candidato com chances de ir ao segundo turno – a especulação mais recente seria de que está conversando com o senador Alvaro Dias (Podemos), que também pode herdar votos de Barbosa.

Quando sair a próxima rodada de pesquisas, sem o nome de Barbosa, a distribuição de seus votos pode acelerar a negociação entre os pré-candidatos.