Faz algumas semanas que o governo federal vem monitorando as movimentações dos caminhoneiros e transportadores. A insatisfação com a falta de fiscalização sobre a aplicação da tabela do frete, somada ao aumento recente do preço do diesel, fez os grupos de Whatsapp voltarem a ferver nas estradas. A preocupação é tamanha que o presidente Jair Bolsonaro apelou ao “dilmonomics”, a política de intervenção em preços de energia que marcou o governo Dilma Rousseff.
A Petrobras havia anunciado na quinta-feira (11) que faria um reajuste de 5,74% no preço do diesel nas refinarias. Estava seguindo sua nova política de revisar os preços com um intervalo mínimo de 15 dias. O presidente não gostou e mandou a estatal voltar atrás. A ordem foi obedecida e os preços, que iriam a R$ 2,2662, ficaram nos R$ 2,1432.
Entre o fim de abril e início de maio de 2018, o valor nas refinarias chegou a pouco mais de R$ 2,30 (próximo, portanto, do preço atual). Com o início da greve, a Petrobras anunciou uma redução de 10% no valor enquanto o governo negociava com o movimento de caminhoneiros e empresas de transporte. No fim, foi criado um subsídio que garantia um desconto de 30 centavos por litro – expediente que venceu na virada do ano.
LEIA TAMBÉM: Paulo Guedes teme derrota da Previdência e fala em ‘senso político superior’ de Maia
O governo Michel Temer preferiu o subsídio para não mexer diretamente nas margens da Petrobras. É uma opção menos pior do que o tabelamento de preços, que joga para os acionistas da empresa a conta da pressão política feita pelo setor de transportes, e que foi praticado durante o governo Dilma.
O grande problema de tabelamentos é que eles têm o potencial de consumir o caixa da Petrobras quando o valor praticado fica muito abaixo do preço internacional, que acompanha a cotação do petróleo. O controle de preços da era Dilma, somado ao desvio de bilhões pela corrupção dos partidos que lotearam a estatal, fez com que a Petrobras chegasse a uma situação delicada, com alto endividamento em relação ao seu fluxo de caixa. O ajuste na empresa está sendo feito, incluindo a venda de várias subsidiárias, e já está dando resultado.
Uma nova intervenção nos preços dos combustíveis é um sinal preocupante – tanto que o mercado respondeu e as ações da empresa caíam mais de 5% na abertura do mercado nesta sexta (12). Em seu comunicado, a empresa alega que pode esperar mais alguns para fazer a mudança nos preços. Isso pode indicar que a estatal espera um novo posicionamento do governo, ou alguma inversão no mercado – o preço do petróleo chegou a passar US$ 70 o barril, pressionado por cortes na produção.
O que o governo faria se o petróleo chegar a, digamos, US$ 80 o barril, um cenário que não é impossível no curto prazo? Continuaria com o Dilmonomics, daria um subsídio ou encararia um atrito com os caminhoneiros? Esse tipo de dúvida precisa ser superada com uma política de longo prazo para o preço dos combustíveis.
Congresso mantém queda de braço com STF e ameaça pacote do governo
Deputados contestam Lewandowski e lançam frente pela liberdade de expressão
Marcel van Hattem desafia: Polícia Federal não o prendeu por falta de coragem? Assista ao Sem Rodeios
Moraes proíbe entrega de dados de prontuários de aborto ao Cremesp
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF