Há quase um ano, o governo do agora preso Michel Temer não ligou para as primeiras movimentações de caminhoneiros insatisfeitos. Uma reportagem publicadas neste fim de semana dá conta de que o governo de Jair Bolsonaro não quer correr o mesmo risco e já monitora um movimento para se marcar uma paralisação para o dia 30 deste mês. O país parece não ter mudado o suficiente em um ano.
Do ponto de vista dos caminhoneiros, o movimento de maio de 2018 foi um triunfo amargo. A categoria atraiu a simpatia de quem queria ver Temer pelas costas, incluindo Bolsonaro, que foi um apoiador de primeiro momento da greve. A paralisação provocou falta de combustíveis no país todo e levou ao caos no fornecimento de produtos essenciais. O governo se viu contra a parede e decidiu fazer um acordo antes de colocar as Forças Armadas nas estradas.
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Os caminhoneiros levaram um subsídio para o óleo diesel e a promessa de que teriam os ganhos aumentados pelo tabelamento do frete. Duas soluções economicamente errada. Nada disso garantia o que interessa: crescimento da demanda para dar conta da ociosidade da economia, o que inclui os serviços de transportes. Os mais exaltados queriam a intervenção militar. Ganharam uma chapa verde-oliva na Presidência. Um resultado eleitoral que também não garante por si melhoria alguma.
Bolsonaro deu sorte na transição do governo porque assumiu sem o subsídio para o diesel no orçamento mas ganhou um refresco no preço internacional do petróleo. O óleo, no entanto, vem se valorizando neste ano e os reajustes feitos pela Petrobras voltam a ficar desconfortáveis: houve uma alta de 34 centavos no preço do diesel vendido pela Petrobras neste ano. Até onde vai depende do mercado internacional e do andar da cotação do dólar aqui dentro – sempre sensível à capacidade de o governo andar com as reformas.
Os caminhoneiros reclamam que a tabela do frete de nada serve. Seria muito baixa para seus custos, fora o fato de ser ignorada por muitos dos que contratam seus serviços. Querem mais multas contra empresas, algo antipático em uma economia que ainda está vários pontos percentuais menor do que era antes da recessão provocada pelo governo de Dilma Rousseff. A imposição da tabela não conta com simpatia do ministério da Economia, pautado pela visão liberal de que é preciso deixar o mercado estabelecer os preços.
Pode não ser uma situação explosiva, como no ano passado, mas é delicada. O governo Bolsonaro encontra dificuldades para se impor no Congresso e sua pauta de reformas anda mais devagar do que se imaginava. Inclusive por inépcia no encaminhamento de propostas, como deixou clara a apresentação da reforma previdenciária proposta para os militares, que entrega uma economia para lá de ridícula.
A preocupação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência é um sinal. Mais um daqueles que fazem a gente sentir que não estamos saindo do lugar. Os indicadores econômicos do primeiro trimestre estão chegando ruins, mostrando que há mais espera de boas notícias do que investimentos sendo feitos. No mercado financeiro, o otimismo com a possibilidade de a reforma da Previdência andar derreteu assim que ficou claro que o governo pouco manda no Congresso. O desconforto é maior do que se esperava para os primeiros 100 dias de governo.
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