Não é fácil criar hits. Compositores capazes de ordenar versos, melodias e harmonias que “colam” na mente são admirados, e fazem muito dinheiro. Mas quando isso ocorre, seja no cinema, no mercado editorial, na tevê ou no rádio, é certo que o gênio criativo produziu identificação. As pessoas se conectam.
Sem a dignidade e o valor desses produtos culturais está o submundo das fake news, que viaja nas asas da psicologia humana para entregar distorções e inverdades, não com o propósito de inspirar ou entreter, mas de manipular a cognição. E a combinação explosiva da manipulação intencional de vulnerabilidades psicológicas das pessoas, com recursos de alta tecnologia para espalhamento de informação e criação de bolhas cognitivas tornou possível uma nova ameaça de grande escala à ordem social e política.
No terceiro artigo da série sobre fake news, Eric Fernandes de Mello Araújo, professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Lavras (UFLA), e Doutor pela Vrije Universiteit Amsterdam, introduz o leitor ao tema dos vieses cognitivos naturais, como a dissonância cognitiva e a autojustificação, que vem sendo estudados pela moderna ciência cognitiva e comportamental, e ao modo como a tecnologia pode ser usada para explorar esses vieses com fins políticos escusos. Boa leitura!
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As suas ideias… são mesmo suas?
Jonathan Haidt inicia seu livro The Righteous Mind, traduzido para o português como ‘A mente moralista e as origens da polarização contemporânea’, com um teste:
Imagine que o cachorro de estimação de uma família morreu atropelado por um carro em frente à casa da família. Eles ouviram falar que carne de cachorro é deliciosa, então cortaram o cachorro em pedaços, cozinharam e comeram no jantar. Ninguém os viu fazendo isso.
Pessoas de vários países e condições socioeconômicas foram perguntadas se consideravam moralmente errada ou aceitável a ação da família de se alimentar do cachorro.
O que Haidt tenta mostrar, a partir desse exemplo é: de onde surge a nossa moralidade? Seria ela cultural? Seria ela baseada em nossa religião? Haidt aponta para um novo caminho dentro dos estudos em psicologia social e moralidade: ele traça características que vão estabelecer posicionamentos políticos a partir do tipo de resposta que se dá a questões como essa.
Em 2005, publiquei um artigo intitulado "A computational cognitive model for political positioning and reactions in web media" (um modelo cognitivo computacional para reações e posicionamentos políticos na mídia de rede). A proposta era criar um modelo cognitivo que desse conta de explicar as reações das pessoas quando interagissem com postagens nas mídias sociais. Foi um trabalho, mais do que matemático e computacional, de reflexão. Ao me deparar com a vasta literatura na área de posicionamento político, fui descobrindo que características biológicas e culturais podem e são responsáveis por definir grande parte do posicionamento político das pessoas. E mais: mecanismos específicos do nosso cérebro podem nos atrapalhar quando compartilhamos informações de procedência duvidosa. Está de bom humor? As chances de compartilhamento de desinformação aumentam. O mau humor é inimigo das fake news neste caso.
O trabalho de Jonathan Haidt veio para consolidar e me ajudar a sair da minha bolha polarizada. Na ciência, não há mal, per se, em ser de direita ou de esquerda. O que há é curiosidade de entender como as pessoas definem sua identidade.
Sobre a mente inquieta diante de fatos que a contradizem
As teorias de dissonância cognitiva, viés de confirmação e autojustificação propõem a ideia geral de que nós tendemos a ver o mundo do jeito que queremos que o mundo seja, e não como ele é. Direitistas assistem Morning Show. Esquerdistas assistem Greg News. Direitistas vibram com as falas do Caio Copolla. Esquerdistas vão ao delírio ao ver as argumentações de Gabriela Prioli. Criacionistas entendem os fósseis como a prova da existência de Deus, enquanto naturalistas veem os fósseis como a prova da evolução. Conservadores tendem a rejeitar o ato da família de comer o cachorro por considerá-lo imoral ou nojento, enquanto liberais já tendem a aceitá-lo, tendo em vista que ninguém foi machucado pelo ato, já que o pobre cachorro estava morto.
Não quero dizer, com isso, que todas as posições são relativas e igualmente válidas entre si, mas que frequentemente a razão principal porque assumimos certa posição não é a sua veracidade, mas a sua adequação ao que desejamos.
Humanos, como parte do processo evolutivo, tendem a se manterem firmes em suas crenças e opiniões, mesmo em face a uma carga enorme de fatos que apresentam evidência em contrário ao que creem. Este fenômeno tem sido objeto de estudo de inúmeras pesquisas ao redor do mundo, desde biologistas até cientistas sociais, passando por cientistas da computação a veterinários (acredite!). De repente, o tópico ficou quente e todos querem falar sobre o assunto. E isso se deu, não por conta dos conflitos entre irmãos ou pelas contínuas guerras entre torcidas de futebol. O interesse pelo fenômeno foi aumentado por conta do crescente uso das redes sociais e suas implicações políticas.
Psicologia e neurociência vêm apresentando um corpo de trabalhos nessa área que, combinadas, podem nos ajudar a entender essa recente polarização radical na sociedade brasileira, bem como nos ajudar a nos enxergar enquanto seres sociais e viciados em nossas percepções.
No primeiro artigo dessa série, alguns leitores e amigos questionaram a terminologia usada a partir do livro de Carol Tavris e Elliot Aronson, dois psicólogos sociais renomados e referenciados neste campo de estudos. Os questionamentos me trouxeram um incômodo: será que estou passando por um processo de dissonância cognitiva ao não aceitar que os termos são diferentes? Apesar da terminologia usada não ser central para a compreensão do texto, ou para a argumentação feita, como cético que sou das minhas próprias convicções, fui atrás de me informar melhor. O fato é que Tavris e Aronson utilizam os termos sem fazer distinção entre eles. Além disso, o termo autojustificação é acrescentado como a ação resultante do processo de dissonância/viés de confirmação.
Porém, é reconhecido na literatura que os termos foram cunhados em momentos diferentes por pesquisadores diferentes. Então, tomarei o cuidado de descrever os termos com mais cautela e de mostrar a função de cada teoria na compreensão de como a informação nos afeta em nossas crenças e opiniões.
O criador do termo dissonância cognitiva, Leon Festinger, assim o definiu como o "estresse mental ou desconforto experimentado por um indivíduo que apresenta duas ou mais crenças contraditórias ao mesmo tempo, ou é confrontado por nova informação que contradiz crenças, ideias ou valores preexistentes" (tradução livre do livro “A Theory of Cognitive Dissonance”). Já o termo viés de confirmação tem sua origem em Peter Wason, psicólogo cognitivo que o definiu como a tendência das pessoas em buscar e favorecer imediatamente informações que validam suas pré-concepções, hipóteses e crenças pessoais independente se são verdadeiras ou não, e ignorar ou rejeitar informações que as contradigam. Essa tendência teria como finalidade organizar internamente o nosso universo de forma a evitar o sentimento da dissonância cognitiva. Dessa forma, poderíamos dizer que, em sua essência, os termos são distintos, mas na prática, os mecanismos são complementares e levam ao mesmo resultado: a autojustificação quando as pessoas cometem erros.
A autojustificação, termo usado ao longo do livro de Travis e Aronson, seria um comportamento externalizado em momentos onde somos pegos em contradição ou erro. Todos nós temos hábitos que contradizem nossas crenças, como o hábito de fumar e de comer fast-food, apesar de sabermos dos danos à saúde. Porém, não existem exemplos mais evidentes e didáticos do que na política.
Marcelo Crivella, dentre as inúmeras figuras públicas brasileiras que falsearam o currículo, teve seu diploma de doutorado em Engenharia, pela Universidade de Pretória, questionado, em 2016, pela Agência Lupa. Atribuiu o erro de tradução à secretaria de sua campanha e fez a correção logo em seguida, afirmando apenas ter revalidado seu diploma na instituição. O site da prefeitura do Rio de Janeiro, porém, manteve a sua titulação errada até 2019, quando, finalmente, removeram qualquer menção de sua passagem pela instituição, conforme já havia sido verificado pela imprensa.
Jair Bolsonaro também tem uma lista extensa de contradições. Em 22 de Março, o presidente minimizou a pandemia dizendo que o número de mortes ficaria abaixo das causadas por H1N1, que foram 796. A relutância em mobilizar o país, como todos os líderes ao redor do mundo estão fazendo, e de reconhecer a gravidade da pandemia e as proporções que tivemos no país é sinal claro de uma postura de quem rejeita os fatos. Depois de prometer reduzir o número de ministérios em sua campanha, se viu em situação vexatória ao precisar do apoio de políticos de partidos que integram o conhecido "Centrão" para garantir que um pedido de impeachment não ganhasse força na Câmara dos Deputados. A solução foi recriar novos ministérios, como o Ministério das Comunicações, a fim de oferecer espaço para que o Centrão passasse a integrar sua base de governo. A promessa de que ministros com perfil técnico seriam designados para suas respectivas pastas também foi abalada após a recusa de dois ministros da Saúde em inserir a hidroxicloroquina como protocolo médico chancelado pelo próprio Ministério e em abandonar o compromisso com orientações da OMS. A solução foi convidar um militar sem experiência alguma em saúde para agradar ao desejo maior do presidente.
O governo petista também desafiou e ainda desafia muito seus correligionários a manter a defesa da herança que foi deixada, contra todas as evidências. Muitos ainda tentam, de forma estabanada, defender o partido frente às claras provas de corrupção levantadas por vários anos pela Polícia Federal. Os fatos envolvem os escândalos do Mensalão, em 2005, com a compra de votos de deputados com dinheiro público desviado, as delações de Antônio Palocci, em 2006, a tentativa de Delcídio do Amaral de comprar o silêncio de Nestor Cerveró, em 2015, e a Lava-Jato. Essa última, apesar de ainda muito questionada, foi fator relevante na desmoralização do partido nos últimos anos e fundamental para a alteração do quadro das eleições de 2018, quando da prisão do provável candidato Lula em 7 de abril, poucos meses antes do pleito eleitoral.
O lema "não tenho político de estimação" é um exemplo claro de como partes da sociedade mudam de discurso quando se veem em um conflito entre suas crenças e a realidade. Esse lema, muito usado quando da prisão de Lula para reforçar o caráter anticorrupção dos opositores ao governo, caiu em desuso após a apresentação de vários casos de corrupção em menos de 2 anos do governo Bolsonaro. Apesar do termo ter caído em desuso, ainda se vê os que ignoraram completamente as notícias e ainda acreditam que não há nada de errado se passando neste momento no país. O fato é que o coro dos arrependidos vem aumentando antes mesmo do governo chegar à metade de seu mandato. Ex-apoiadores, ao tentarem propor diferentes posturas e ações do presidente, se viram na mira dos ataques via internet. Assim foi com Kim Kataguiri, Marcos Frota, Joice Hasselmann, Sérgio Moro, Luiz Henrique Mandetta, apenas para nominar alguns de grande repercussão. A impressão é de que enxergar as inconsistências e vocalizá-las é a carta de convite para se tornar mais um alvo de ataques e ameaças carregadas de ódio e massificadas por contas inautênticas.
A guerra cognitiva e o ideal de nação
A investigação da produção de ataques em massa via redes sociais direcionados a uma pessoa se faz necessária em um contexto em que o uso da tecnologia amplificou consideravelmente o potencial de dano. Se antes panfletos espalhando informações falsas poderiam prejudicar a reputação de uma pessoa, agora, o que temos é uma arma de última geração que não respeita as limitações físicas e se aproveita da fragilidade cognitiva que todo ser humano tem quando confrontado por fatos políticos. E se engana quem acredita que, por sermos seres dotados de inteligência, seremos sempre capazes de bem avaliar o conteúdo que recebemos passivamente em nossos aplicativos de redes sociais. Ninguém escapa de seu próprio viés de confirmação, a não ser que esteja disposto a despender energia para tal. Pesquisa recente proposta pela IPSOS sobre mitos e confusão sobre a COVID-19 nos dá o tom do quanto as fake news podem provocar crenças enganosas em massa.
- Para 18% dos entrevistados, no Brasil, a hidroxicloroquina é uma cura para o novo coronavírus.
- 7% dos brasileiros acham ser verdadeira a premissa de que comer alho protege contra a infecção por Covid-19.
- Dois em cada 10 ouvidos (22%), no Brasil, categorizam como verdadeira a alegação de que expor-se ao sol ou a altas temperaturas previne a Covid.
- No Brasil, um em cada dez (11%) acha que crianças não podem ser contaminadas pela Covid-19.
- 19% dos brasileiros acreditam ser verdade que, se um teste de anticorpos mostrar que uma pessoa foi previamente exposta ao vírus, ela não corre o risco de ser contaminada novamente.
- 17% dos entrevistados no Brasil creem que animais de estimação podem transmitir Covid-19.
- 5% dos brasileiros assumem ser verdade que a tecnologia 5G é transmissora da Covid-19.
E mais: quem nunca repassou uma informação com apenas dois cliques, sem antes checar a procedência do conteúdo? Mas ainda assim, o problema maior não está no viés de confirmação, e sim na autojustificação. Qual a sua reação quando alguém lhe avisa que aquela postagem contém informação falsa? Você remove a postagem e informa a todos na sua rede que interagiram com ela que a informação não procede? Ou responde irritadamente à pessoa que, mesmo falsa, a informação "poderia" ser verdadeira? Este comportamento é o que define se é você quem comanda suas ideias e opiniões, ou se é a sua dissonância cognitiva quem as define.
O que vemos atualmente na sociedade brasileira é um bom indicador sobre o quanto estamos obtendo sucesso em promover o diálogo saudável, o respeito ao próximo, a consciência de que o outro tem o seu espaço para expressar suas ideias, desde que não as faça violando ou agredindo o direito alheio. Em suma, não estamos. Vivemos um tempo em que o posicionamento político se tornou alvo de demonização. Ter opiniões sobre determinados assuntos nos lança em um universo paralelo onde a intolerância e a rotulação são a regra. O debate honesto de ideias, a troca de conhecimentos, o confronto de opiniões visando a construção da sociedade de forma plural deram espaço ao irracionalismo. Estamos tão escravizados em nossas ideias, diariamente realimentadas por meio do uso das mídias sociais, que não conseguimos enxergar mais o que era o mundo antes dessa aceleração da informação e de como é sentar à mesa com um parente com ideias consideradas antiquadas pelos mais jovens e, ainda assim, ouvir suas histórias e usufruir das experiências passadas.
O uso de grupos públicos afeta o volume de fake news espalhadas na rede social, como demonstrado em uma simulação simples, onde três cenários são testados: uma rede social:
- (1) sem grupos públicos;
- (2) com grupos públicos no Brasil (22% das pessoas participando deste tipo de grupos); e
- (3) com grupos públicos no Reino Unido (8% das pessoas participam de grupos públicos).
A simulação considera uma rede social com 1000 participantes, durante 30 dias produzindo uma média de 34 posts por dia, de acordo com estatísticas do Facebook. Cada integrante da rede tem um viés de confirmação que vai de -1 (extrema-esquerda) a 1 (extrema-direita). Valores próximos de 0 são considerados usuários de centro. Considerou-se nessa simulação que 10% das mensagens produzidas são falsas. O gráfico abaixo mostra o volume de fake news originais produzidas em todos os 3 cenários. Repare que o volume é similar, pois segue a tendência de 1 em cada 10 postagens conterem desinformação.
Até aí, nada demais. Em todos os três cenários foram geradas em torno de cem fake news durante um mês.
Mas quero chamar a atenção para outro resultado: o volume de compartilhamentos quando comparamos os cenários propostos. O volume de compartilhamentos de postagens falsas no Brasil ultrapassa 500 mil, enquanto a ausência de grupos reduz em 20% esse volume de informação transmitido.
Esse exercício é simples e não esgota a questão. Mas serve para nos mostrar que, se levarmos a dissonância cognitiva e o viés de confirmação em consideração quando analisamos os efeitos da produção de fake news em massa nas redes sociais, então temos um problema maior do que muitos pressupõem existir.
O futuro das fake news nas mãos de desalumiados digitais
Em breve, teremos que, como sociedade, encarar de forma mais séria os efeitos dessa guerra cognitiva. E temos dois caminhos possíveis. O primeiro é educar a população de forma a compreender que não existe neutralidade na internet, assim como não existe em âmbito nenhum das nossas vidas. Este caminho é mais custoso. Demanda um esforço grande por parte da academia e do governo na promoção de estudos mais sérios e na conscientização de todos da relevância de se refletir sobre o que acontece quando acessamos as redes sociais diariamente, horas por dia. O segundo caminho é criar leis mais rígidas visando coibir a propagação de fake news, como o texto de lei aprovado no Senado recentemente. Mas este caminho ataca frontalmente a liberdade de expressão, deforma a internet e a privacidade dos usuários. É um caminho simples, que pode soar como eficaz em um primeiro momento, mas que não vai no coração do problema: a nossa incapacidade em nossos filtros pessoais.
Em um país que sobrevive majoritariamente de uma economia extrativista e agropecuária, talvez seja hora de se fazer investimentos mais sólidos em tecnologia e segurança. E não me refiro à importação de tecnologia. Me refiro à compra de equipamentos adequados para o trabalho de investigadores da Polícia Federal, do investimento em pesquisa nas áreas que certamente estarão relacionadas aos problemas do futuro, como a computação quântica e da capacitação de profissionais brasileiros para promoção de inteligência que permita ao governo rastrear ataques que violam os direitos humanos na internet, sem a necessidade de amputar os princípios que regem a rede mundial desde sua fundação: acessível a todos, livre e aberta.
Deixo talvez mais perguntas do que respostas ao final dessa série de artigos. Se essa for a sua sensação, me sinto com o dever cumprido. O arrefecimento na polarização em nossa sociedade passa por nos conhecermos melhor e abrirmos espaço para o questionamento de nossas certezas que dirigem o nosso discurso. Talvez a necessidade de se engajar em embates agressivos seja mais fruto de usa dissonância cognitiva do que um ato patriótico. Talvez levantar as famosas hashtags no Twitter para demonstrar apoio incondicional sejam mais um ato de pura cegueira e não contribuam de fato para a construção de um país mais justo e menos corrupto. Não se pode valer de tudo para manter o seu sonhado projeto político em pé se, no caminho, os camelos vão sendo engolidos um após o outro. Os fins não justificam os meios. Existem outros caminhos. Existem outras possibilidades. O Brasil ainda tem jeito. Mas, precisamos deixar de pegar os atalhos.
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