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Guilherme Fiuza

Guilherme Fiuza

A butique da renovação

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O procurador Deltan Dallagnol. (Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo)

O procurador Deltan Dallagnol, que fez história na operação Lava Jato, apareceu fazendo propaganda de uma dessas incubadoras de políticos modernos. Ele disse que acredita nos candidatos que se apresentarem a partir da formação naquele determinado movimento de renovação. Deltan tem todo direito de fazer isso. Naturalmente, quem acha que o tal movimento não tem a consistência que Deltan lhe atribui, irá automaticamente rever a consistência que atribui a Deltan. Cada um na sua.

Ainda não se sabe até onde irá a "renovação política" proposta pela ONG que o procurador resolveu divulgar. A vitrine pelo menos parece atraente: jovens simpáticos de boa aparência discursando contra a "desigualdade" num português impecável, gente rica explicando a importância de ajudar os pobres, estrelas de auditório dando telecurso de democracia. Dá vontade de embrulhar tudo e levar pra casa.

O Brasil deve muito ao trabalho de Deltan Dallagnol na força-tarefa que capturou a maior quadrilha da história da República. A partir de uma linha de investigação de lavagem de dinheiro aberta e estimulada por decisões do então juiz Sergio Moro, a Lava Jato demonstrou que Lula e seu bando venderam o país a um cartel de empreiteiras – montado e regido pelo PT de dentro do Palácio do Planalto. A ação da força-tarefa foi especialmente difícil pela blindagem "cultural" erguida em torno do populismo petista. E tragicamente, depois que a quadrilha foi afastada do palácio, Dallagnol se encantou com a elite culta que blindava seus denunciados.

Após o impeachment de Dilma Rousseff, essa elite culta se associou ao impostor Rodrigo Janot, então procurador-geral da República, para tentar dar um golpe de estado a partir da montagem de uma farsa fantasiada de delação do empresário Joesley Batista, enriquecido pelo PT. A delação criminosa, que seria suspensa após a divulgação de um áudio do delator evidenciando a armação, foi amparada numa homologação fast food do STF. Deltan Dallagnol achou, ou quis achar, que essa conspiração tosca operada por Janot era o novo capítulo do combate à corrupção no Brasil. Janot usou o nome da Lava Jato em vão e Deltan embarcou no engodo.

Essa conspiração custou ao Brasil o adiamento da reforma da Previdência, entre outras medidas urgentes que estavam em andamento após a ruína deixada pelo PT. E foi apoiada por vários personagens dessa elite "ética" que hoje investe no tal movimento de "renovação política" agora avalizado por Dallagnol. O jovem procurador parece continuar na dúvida se segue o legado virtuoso de Sergio Moro na Lava Jato ou se adere à escola carnavalesca de Rodrigo Janot, para brincar de ética com vista pro mar.

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