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Guilherme Fiuza

Guilherme Fiuza

Máscara dupla para cara de pau

(Foto: Pixabay)

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A imprensa sempre gostou de ciência do tipo: comer ovo sem clara pode aumentar a longevidade; soneca pode elevar as chances de obesidade; falar muito no telefone pode estar relacionado à redução da libido, etc. Os “estudos” supracitados foram inventados neste momento aqui mesmo, mas estão baseados em décadas de leitura de chutes da mesma categoria embalados como ciência. Agora projeta isso para uma situação de pandemia.

Vale observar que epidemias em geral também sempre se tornaram acontecimentos muito especiais na imprensa. Em parte pelo papel importante de informação sobre riscos, cuidados e atendimento, em parte pelo papel lamentável de especulação sobre riscos, cuidados e atendimento. Parece ser uma característica inerente ao ser humano: diante de qualquer perigo disseminado e invisível – como são os vírus – o poder do controle coletivo (para o bem ou para o mal) sobe à cabeça.

Um cantor conhecido foi preso na periferia do Rio de Janeiro porque deu um show e, segundo a conjunção científica das manchetes e da polícia, cometeu o crime de colocar em risco as vidas das pessoas que se reuniram para assisti-lo. Por esse critério, todos os donos de ônibus, prefeitos e governadores do Brasil tinham que estar presos. Eles permitiram aglomerações em escala muito maior nos transportes coletivos, por muito mais tempo. E aí, cadê as manchetes científicas?

Ninguém sabe, ninguém viu. Na quarentena vip, as notícias são de que o mundo lá fora está acabando, mas você vai se salvar ficando em casa. Empatia é tudo.

Aí aparece o badalado Dr. Fauci, que é uma espécie de fornecedor de manchetes apavorantes, avisando que agora o negócio é usar duas máscaras. Sim, isso mesmo: uma máscara em cima da outra. E ele não estava falando do carnaval. Em qualquer conjuntura mais ou menos sadia isso seria considerado um escárnio. Mas a notícia circulou tranquilamente com cara de diretriz científica e foi consumida como tal. Como assim? Se uma máscara não funciona, ela não deveria ser substituída por uma que funcione?

Não. Segundo a moderna literatura científica fast food, a junção de duas barreiras que não barram desencoraja o coronavírus. Com toda certeza essa diretriz fará muito bem à saúde dos vendedores de máscaras vagabundas.

Tome vacina, use máscara e fique em casa. Grande política sanitária propagada pela grande imprensa – na mesmíssima linha dos critérios hollywoodianos do Dr. Fauci. É isso aí: várias medidas ineficazes juntas haverão de prover a devida eficácia. As vacinas são experimentais, foram liberadas após cerca de seis meses de testes e não têm estudos suficientes em idosos, conforme atestou no Brasil a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Mas esse detalhe não constrange absolutamente médicos e jornalistas que propagam a imunização como panaceia.

Existe panaceia de eficácia duvidosa? Na dúvida, use máscara. Ou melhor, use duas máscaras. E lockdown na veia. O lockdown indiscriminado não tem resultado nenhum contra covid, conforme acaba de atestar novo levantamento do epidemiologista John Ioannidis em Stanford feito em dez países, mas pelo menos você não vai preso. Já é alguma coisa.

Plataformas de rede social censuram informações sobre terapêuticas antivirais com estudos promissores, porque ciência é só máscara fajuta, vacina incipiente e quarentena burra. Tudo bem. Então vamos continuar divulgando aqui também nossos estudos científicos: além da clara de ovo, da soneca e do celular, cuidado com a imprensa marrom. Dependendo da quantidade diária de manchetes que consumir, você tem até 99,9% de chance de virar um idiota.

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