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O fascismo fake

Imagem do telão com dizeres antiBolsonaro durante o show de Roger Waters (Foto: )

Roger Waters foi vaiado em São Paulo ao acusar Bolsonaro de fascismo. Houve aplausos também. No show seguinte, o cantor inglês substituiu a referência ao candidato no telão por uma tarja com as palavras “ponto de vista político censurado”.

Roger Waters é fake news.

Ninguém censurou a pantomima do ex-líder do Pink Floyd. É típico do totalitário em pele progressista o horror ao contraditório. Ele sonha com uma plateia dócil e disposta a tietar incondicionalmente a sua demagogia barata. Waters quer boiar sozinho nas águas da propaganda populista e sonha calar quem ousa apontar o seu ridículo.

Nem dá para afirmar que as vaias em São Paulo sejam necessariamente de simpatizantes de Bolsonaro. Muitas vezes um hipócrita é vaiado apenas e tão-somente por sua hipocrisia. Uma parcela das vaias certamente poderia ser traduzida por algo como: “Companheiro, cadê sua indignação contra a ditadura sanguinária da Venezuela?”

Podem esperar sentados. O autoritarismo, a violência e a desumanidade de Nicolás Maduro não sensibilizam Roger Waters. Pelo singelo motivo de que isso estraga sua lenda de combatente contra a direita perversa. Onde o inimigo perfeito não existir, ele inventa. Mas a boçalidade de Maduro tem adereços “de esquerda”, então está liberada.

Pode descer a lenha, companheiro chavista, que Pink, o pacifista, libera.

O astro justiceiro também foi uma gracinha com a delinquência de Dilma Rousseff, emergindo contra o impeachment para colar seu selo fascista Tabajara no mordomo. O povo roubado e aviltado pela falsa propaganda progressista do PT nunca preocupou o Roger. Importante é a solidariedade aos sócios de picaretagem politicamente correta.

Você já entendeu: a estrela pop do clássico “The Wall” é Haddad, a candidatura que fará bem à Humanidade por ter sido ungida dentro da cadeia, onde a bondade, o humanismo e a ética ficam muito bem guardados por carcereiros vigilantes, grades intransponíveis e muros altos. Bota “Wall” nisso, parceiro.

O PT como salvação democrática é a invenção da década. Jornalistas que vivem como eternas viúvas da ditadura militar, cuidando com esmero do seu figurino de resistência contra a opressão do século passado, aproveitaram a onda do fascismo Tabajara para ressalvar corajosamente: o PT sempre respeitou a democracia!

É verdade. A não ser quando o partido estava usando o Supremo Tribunal Federal e o Ministério Público para blindar o maior assalto da história – que só não saiu impune porque a Lava Jato explodiu parte dessa aparelhagem.

A reverência do PT à democracia também tirou uma folguinha quando os companheiros usaram dinheiro do povo para financiar ditaduras amigas. Ou quando tentaram obstruir a Justiça de dentro do Palácio do Planalto para que seus marqueteiros presos não entregassem a presidenta mulher. Ou quando planejaram a fuga de criminoso condenado, ou quando transformaram a maior empresa nacional em anexo do partido, ou quando tentaram controlar a imprensa fingindo proteger os direitos humanos, ou quando incentivaram a violência do MST contra pessoas e instituições, ou quando mataram Celso Daniel.

Fora isso e mais uma ou outra centena de afrontas ao estado de direito, o PT sempre foi democrático. Se você quiser saber exatamente quando, onde e como, pergunte aos jornalistas e intelectuais que estão te dizendo isso cheios de charme progressista.

O transformismo ideológico no segundo turno não comporta nem mais uma dessas máscaras para eleitor envergonhado – tipo Marina, Ciro Gomes e outras fantasias providenciais. Vai ter que cravar PT mesmo, e aí a única saída possível é a clássica: mentir.

O governo do PT já sabemos a beleza ética e administrativa que é. O governo Bolsonaro é uma incógnita. Acha uma escolha miserável? Anula. Declara que não é sócio do emburrecimento do país que impôs a polarização sonhada pelo PT e lava as mãos. Mas não finja que Adolf Hitler ressuscitou no Brasil e está te obrigando a sancionar a gangue do Lula. Nesse caso, a maior fake news de todas será você.

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