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A bicha arrasou na balada. Mas é melhor moderar o vocabulário, senão daqui a pouco vai em cana.

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Na origem da proposta de criminalização da homofobia tem gente realmente preocupada com a violência física, psicológica e moral contra os gays, que é real e abjeta. Se com isso estão combatendo de fato o problema é outra conversa.

Muitos gays referem-se a si mesmos, entre amigos, como “a bicha” – na irreverência típica que tem a ver, inclusive, com o apelido em inglês que passou a designar os homossexuais. Desde o início das manifestações em São Francisco nos anos 60, a melhor arma do movimento gay sempre foi o humor – começando pela capacidade de rir de si mesmos.

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Os gays mais seguros e tranquilos com sua condição frequentemente se divertem com a mistura de masculino e feminino – e essa graça, nas pessoas saudáveis, não tem nada de repressora. Aliás, é libertadora.

O que é ofensa, agressão, preconceito ou violência contra alguém já está na lei. Uma sociedade sadia se educa sobre os valores que preza e cumpre a lei. Uma sociedade demagógica pode criar quantas camadas quiser de leis sobre leis que jamais respeitará valor nenhum.

E aí a ressalva é inevitável: a indústria politicamente correta faz (muito) bem a muita gente, menos às minorias que jura defender.

Uma das ações enviadas ao STF chega a propor que a homossexualidade passe a ser tratada como questão racial – num suposto recurso para levá-la ao padrão das sanções contra o racismo. É preciso muita desinibição para segregar fingindo harmonizar.

Repare que esses patrulheiros – que não defendem ninguém, apenas vivem da sua patrulha – se recusam a exaltar os gays bem-sucedidos que não são militantes. O autor de novelas Aguinaldo Silva, por exemplo, que nunca entrou em armário nenhum, frequentemente é atacado pela gangue politicamente correta. O ator e empresário Robert Guimarães, criador da Babilônia Feira Hype, foi altamente patrulhado porque não votou no PT.

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Só é possível ser gay no Brasil elegendo suplente de presidiário?

Ou talvez sendo um ex-BBB rancoroso, sem um pingo de humor, vivendo de incitar a boçalidade alheia e criar conflitos para se fantasiar de vítima do sistema – como se isso aqui fosse um reinado talibã.

Infelizmente, o cálculo é esse. Não tenha dúvidas de que a batalha contra o racismo ficou ainda mais longa e difícil após a epidemia politicamente correta – que pariu uma legião de falsos heróis da causa. A atriz que acusa pessoas de mudarem de calçada ao ver seu filho negro está fingindo viver no Apartheid – ou seja, está apartando, segregando, forçando e pesando uma barra que já não é leve.

Vamos estabelecer de uma vez por todas a diferença entre ajudar os outros e faturar com a própria notoriedade. É a sutil distinção entre solidariedade e egoísmo (qualquer dicionário te explica isso).

É o mesmo truque do ator que ganhou manchetes natalinas ao declarar que sua filha negra tinha medo de Papai Noel branco. Ou dos intelectuais (sic) que vêm encorajando mulheres a processar quem associá-las à palavra “mulata”, afirmando ser um tratamento ofensivo e discriminatório. A mulata é a tal – mas a famosa marchinha que a exalta ainda vai ser proibida no carnaval.

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Vamos criminalizar tratamentos, censurar expressões, estigmatizar terminologias populares, montar um exército de credores raciais e sexuais empoderados pelos advogados mais espertos e pelos militantes mais gulosos para turbinar essa guerra fantasiada de pacificação.

E quando conseguirmos acabar com qualquer rastro de humor e harmonia na convivência entre as pessoas, não vamos esquecer de denunciar a onda de ódio.