Nenhum pobre tem inveja ou rancor do bilionário Elon Musk. Da mesma forma, nenhum tinha de Silvio Santos, para ficar com um exemplo mais próximo do Brasil. São, muito pelo contrário, admirados. Isso porque, de certa forma, Musk, Silvio e outros representam a viabilização do sucesso individual, que é exatamente o objetivo primordial daqueles que pertencem às classes sociais menos favorecidas. Estes esperam ter oportunidades para também progredir, mesmo que numa escala inferior à desses empresários. Desejam ter acesso a mais bens e serviços, não lições de moral de Marilena Chauí e Jessé Souza e sua crítica ao "pobre de direita".
As investigações pretensamente modernas sobre a existência dos chamados “pobres de direita” apenas reciclam o velho conceito da “guerra de classes”, que, na visão de seus proponentes, precisa ser reapresentado para cativar a massa que teria sido cooptada pelo discurso liberal-conservador, como se este não tivesse o mérito de identificar aspirações e anseios genuínos. “Pobre gosta de luxo, quem gosta de pobreza é intelectual”, disse certa vez o carnavalesco Joãozinho Trinta.
O povo da periferia deseja reconhecimento e oportunidade para provar seu valor e sua capacidade dentro do mercado capitalista. Não a revolução social e a apropriação das conquistas alheias. É isso que tira certos pensadores progressistas do eixo
Curiosamente, um dos estudos mais interessantes e reveladores sobre o pensamento médio das periferias veio da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT. A entidade publicou uma pesquisa feita entre 2016 e 2017, intitulada Percepções e Valores Políticos nas Periferias de São Paulo. Os resultados vão na contramão de certos consensos ideológicos instituídos como norma analítica na academia, principalmente no âmbito econômico e comportamental.
Segundo o levantamento, não há conflito ou ressentimento dos trabalhadores em relação aos seus patrões. Reconhecem condições e características distintas, mas não concordam com a ideia de que há exploração. A maior parte dos entrevistados pela Fundação Perseu Abramo entende que não há conflito entre ricos e pobres, ou, para ficar com o linguajar marxista, entre capital e trabalho. Para o pobre da periferia de São Paulo, o conflito se dá entre o cidadão e o Estado, que lhe cobra tributos escorchantes, impõe amarras burocráticas, asfixia o empreendedorismo e gerencia mal o crescimento econômico.
O povo da periferia deseja reconhecimento e oportunidade para provar seu valor e sua capacidade dentro do mercado capitalista. Não a revolução social e a apropriação das conquistas alheias. É isso que tira certos pensadores progressistas do eixo. Quando convidado a opinar sobre suas próprias percepções da vida e do mundo, o cidadão comum costuma ir na contramão do que é dito sobre ele.
Certas elites progressistas não aceitam os pobres como são, apenas os pobres como idealização política. Como não se conformam em admitir o erro essencial de suas teses, preferem se afundar na própria convicção desconectada da realidade, redobrando a dose de desonestidade intelectual.
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